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"Padrinhos" do Alvorada dão R$ 20 mi a Lula
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As empresas que bancaram a
reforma do Palácio do Alvorada, residência oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
contribuíram com quase 20%
da arrecadação do petista na
campanha eleitoral.
Das 20 grandes empresas
que formaram uma espécie de
consórcio (a Associação para a
Restauração do Palácio do Alvorada) para pagar a conta de
R$ 18,4 milhões, 12 também irrigaram a campanha de Lula.
Juntas, deram ao presidente-candidato praticamente a mesma quantia que gastaram na reforma, R$ 19,91 milhões.
A reforma do Palácio, construído em 1958, levou um ano e
três meses e foi concluída no
último mês de março.
Durante a campanha eleitoral, a oposição criticou o fato de
a reforma ter sido bancada por
empresas, o que poderia levar a
um conflito de interesses. Em
2004, a Folha revelou que a
maioria das doadoras tinham
débitos com a União.
Parte das empresas que participou da reforma do Alvorada
também doou para o candidato
derrotado Geraldo Alckmin
(PSDB), mas Lula recebeu 68%
a mais do que o tucano, que ficou com R$ 11,85 milhões.
As empresas que reformaram o Alvorada foram arregimentadas pela Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústria de Base) em
2004, apesar de nem todas serem da área de infra-estrutura.
"Não houve relação entre a
reforma e a decisão individual
das empresas de fazerem suas
doações. Isso é a política de cada companhia", disse José Casadei, porta-voz da Abdib.
Durante a restauração, cada
empresa entrou em média com
R$ 800 mil. Foi restaurado o
piso de madeira de jacarandá,
uma árvore protegida pelo Ibama (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis). Os banheiros de mármore, a cozinha
e a ventilação também foram
restaurados.
Impressionado com o resultado, Lula agora pretende aplicar o mesmo modelo na reforma do Palácio do Planalto. Novamente, quer apelar a empresas privadas.
Das 20 empresas que participaram da associação, 8 não
doaram na campanha. Outras
11 doaram para os dois candidatos, mas geralmente dando
muito mais a Lula do que a
Alckmin. A Cutrale, por exemplo, deu R$ 4 milhões para o
petista e R$ 1 milhão ao tucano.
A construtora Camargo Corrêa deu quase 9 vezes mais a
Lula do que a Alckmin, e a OAS,
17 vezes mais para o petista. A
Norberto Odebrecht, deu R$
150 mil para o presidente e nada para seu opositor.
Duas empresas deram mais a
Alckmin que a Lula: a Alusa, do
setor de energia elétrica, e a
Caemi, controlada pela Vale do
Rio Doce.
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