São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 2006

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"Padrinhos" do Alvorada dão R$ 20 mi a Lula

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As empresas que bancaram a reforma do Palácio do Alvorada, residência oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contribuíram com quase 20% da arrecadação do petista na campanha eleitoral.
Das 20 grandes empresas que formaram uma espécie de consórcio (a Associação para a Restauração do Palácio do Alvorada) para pagar a conta de R$ 18,4 milhões, 12 também irrigaram a campanha de Lula. Juntas, deram ao presidente-candidato praticamente a mesma quantia que gastaram na reforma, R$ 19,91 milhões.
A reforma do Palácio, construído em 1958, levou um ano e três meses e foi concluída no último mês de março.
Durante a campanha eleitoral, a oposição criticou o fato de a reforma ter sido bancada por empresas, o que poderia levar a um conflito de interesses. Em 2004, a Folha revelou que a maioria das doadoras tinham débitos com a União.
Parte das empresas que participou da reforma do Alvorada também doou para o candidato derrotado Geraldo Alckmin (PSDB), mas Lula recebeu 68% a mais do que o tucano, que ficou com R$ 11,85 milhões.
As empresas que reformaram o Alvorada foram arregimentadas pela Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústria de Base) em 2004, apesar de nem todas serem da área de infra-estrutura.
"Não houve relação entre a reforma e a decisão individual das empresas de fazerem suas doações. Isso é a política de cada companhia", disse José Casadei, porta-voz da Abdib.
Durante a restauração, cada empresa entrou em média com R$ 800 mil. Foi restaurado o piso de madeira de jacarandá, uma árvore protegida pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Os banheiros de mármore, a cozinha e a ventilação também foram restaurados.
Impressionado com o resultado, Lula agora pretende aplicar o mesmo modelo na reforma do Palácio do Planalto. Novamente, quer apelar a empresas privadas.
Das 20 empresas que participaram da associação, 8 não doaram na campanha. Outras 11 doaram para os dois candidatos, mas geralmente dando muito mais a Lula do que a Alckmin. A Cutrale, por exemplo, deu R$ 4 milhões para o petista e R$ 1 milhão ao tucano.
A construtora Camargo Corrêa deu quase 9 vezes mais a Lula do que a Alckmin, e a OAS, 17 vezes mais para o petista. A Norberto Odebrecht, deu R$ 150 mil para o presidente e nada para seu opositor.
Duas empresas deram mais a Alckmin que a Lula: a Alusa, do setor de energia elétrica, e a Caemi, controlada pela Vale do Rio Doce.


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