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Para Tarso, mídia busca tirar interesse popular pela política
Petista diz que, neste ano, veículos de comunicação tentaram criar um falso duelo entre "maus e corruptos" e "bons e técnicos'
Em discurso a movimentos sociais, ministro também afirma que a visão petista
de democracia é a "mais avançada" que existe
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) disse ontem que, nas últimas eleições, a
mídia nacional buscou "despolitizar" a população com o objetivo "espontâneo" de propor
uma disputa entre "maus e corruptos" e "bons e técnicos".
As críticas de Tarso à mídia
ocorreram no momento em
que discursava a integrantes de
movimentos sociais sobre a falta de interesse político das pessoas em todo o mundo.
"No Brasil, durante dois anos
do governo do presidente Lula,
foi construída matematicamente pela mídia uma rejeição
plena das pessoas à esfera da
política. Não é um coisa feita
somente contra o presidente
Lula. É para dizer que os políticos não prestam, que as instituições não prestam e que a
corrupção absorve todos os
partidos e todas as pessoas."
Passadas as eleições, tornou-se comum dirigentes petistas
acusarem a imprensa por um
suposto apoio à candidatura de
Geraldo Alckmin (PSDB) na
disputa contra Lula. Tarso e o
presidente interino do PT,
Marco Aurélio Garcia, têm repetido essa tese. O ministro
voltou a insinuá-la ontem.
"O trabalho informativo [da
mídia, durante as eleições] foi
feito para desencampar as pessoas da política e abrir espaço
para o choque de gestão e abrir
espaço, em última análise, para
a limpeza técnica, tirando as relações políticas, as crises, as deformações que as pessoas têm e
os erros dos partidos políticos
em emergência a alguém supostamente limpo, supostamente impoluto para levar o
país através da técnica, para levar o país através do choque de
gestão ao infinito de felicidade
e de bonança."
Ciente da presença de jornalistas no local, Tarso tentou
amenizar a colocação. Primeiro, disse que não fazia ali uma
"acusação" a jornalistas e veículos em particular. A seguir,
porém, afirmou que a atuação
da imprensa não é uma "conspiração", mas um "movimento
espontâneo para despolitizar"
as eleições e transformá-la
num duelo entre "corruptos e
os maus" e "bons e técnicos".
Após falar sobre a mídia, Tarso voltou ao tema da importância dos movimentos sociais no
auxílio ao Executivo. Acerca
disso, disse que o modelo de democracia petista é o mais
"avançado".
"Nós, do governo federal, e
nós, do PT, [não] somos donos
da verdade. E não temos desprezo a nenhum partido político democrático. Temos divergências em relação às reformas
e às crises e temos uma visão de
democracia que é mais avançada, que é a visão que combina a
democracia representativa
com a participação direta da cidadania para promover decisões públicas cada vez mais democráticas, inteiradas aos interesses da população."
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