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Beneficiário de Valério trabalhou para o PT
Campanha de petista pagou R$ 3,9 milhões a empresário citado como receptor do esquema do mensalão
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Apontados pelo publicitário
mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza como beneficiários do esquema do mensalão montado pelo PT, o empresário de São Bernardo do Campo (SP) Carlos Cortegoso e sua
empresa foram fornecedores
da campanha à reeleição do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT).
Segundo os dados entregues
ao TSE (Tribunal Superior
Eleitoral), a Focal Confecção e
Comunicação Visual recebeu
R$ 3,9 milhões da campanha
presidencial. Pessoalmente,
Cortegoso recebeu R$ 220.
A empresa faz estampas em
camisetas, bonés e outros materiais, fabrica bandeiras e
monta palanques.
Os nomes de Cortegoso, Carlão e de uma empresa chamada
Ponto Focal integravam a lista
de destinatários do esquema de
caixa dois entregue por Marcos
Valério, em julho de 2005, à
CPI dos Correios, ao Ministério
Público Federal e à Polícia Federal. Segundo essa lista, Cortegoso e sua empresa receberam R$ 400 mil a partir de uma
indicação de Delúbio Soares.
A CPI dos Correios cruzou os
dados contábeis e bancários
obtidos durante as investigações e apontou, no relatório final da comissão, que a agência
de publicidade SMPB, de Marcos Valério, depositou R$ 300
mil na conta da empresa Focal
Confecção e Comunicação Visual. A empresa é a mesma contratada na campanha de Lula
deste ano.
Em depoimento prestado ao
Ministério Público em 2 de
agosto de 2005, Valério disse
que Cortegoso era o único fornecedor de campanha eleitoral,
da relação de 31 beneficiários
que apresentou.
Disse também, à época, que o
dinheiro era referente a "pagamento a camisetas do PT", mas
não esclareceu para qual campanha eram as camisetas.
Cortegoso foi entrevistado
pela Folha um dia depois do
depoimento de Valério. Indagado se havia trabalhado para a
campanha de Lula em 2002,
Cortegoso disse: "Fiz um pouco, às vezes faço por uma empresa, às vezes terceirizo o trabalho." Com base nos pagamentos feitos à Focal e na lista
de Valério, o relator da CPI, Osmar Serraglio (PMDB-PR),
apresentou um requerimento
para quebrar os sigilos bancários, fiscal e telefônico da empresa e dos seus donos, Carla
Cortegoso e José Carlos Bortolaia. Mas o pedido não chegou a
ser avaliado pela comissão.
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