São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 2006

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Beneficiário de Valério trabalhou para o PT

Campanha de petista pagou R$ 3,9 milhões a empresário citado como receptor do esquema do mensalão

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Apontados pelo publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza como beneficiários do esquema do mensalão montado pelo PT, o empresário de São Bernardo do Campo (SP) Carlos Cortegoso e sua empresa foram fornecedores da campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo os dados entregues ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a Focal Confecção e Comunicação Visual recebeu R$ 3,9 milhões da campanha presidencial. Pessoalmente, Cortegoso recebeu R$ 220.
A empresa faz estampas em camisetas, bonés e outros materiais, fabrica bandeiras e monta palanques.
Os nomes de Cortegoso, Carlão e de uma empresa chamada Ponto Focal integravam a lista de destinatários do esquema de caixa dois entregue por Marcos Valério, em julho de 2005, à CPI dos Correios, ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal. Segundo essa lista, Cortegoso e sua empresa receberam R$ 400 mil a partir de uma indicação de Delúbio Soares.
A CPI dos Correios cruzou os dados contábeis e bancários obtidos durante as investigações e apontou, no relatório final da comissão, que a agência de publicidade SMPB, de Marcos Valério, depositou R$ 300 mil na conta da empresa Focal Confecção e Comunicação Visual. A empresa é a mesma contratada na campanha de Lula deste ano.
Em depoimento prestado ao Ministério Público em 2 de agosto de 2005, Valério disse que Cortegoso era o único fornecedor de campanha eleitoral, da relação de 31 beneficiários que apresentou.
Disse também, à época, que o dinheiro era referente a "pagamento a camisetas do PT", mas não esclareceu para qual campanha eram as camisetas.
Cortegoso foi entrevistado pela Folha um dia depois do depoimento de Valério. Indagado se havia trabalhado para a campanha de Lula em 2002, Cortegoso disse: "Fiz um pouco, às vezes faço por uma empresa, às vezes terceirizo o trabalho." Com base nos pagamentos feitos à Focal e na lista de Valério, o relator da CPI, Osmar Serraglio (PMDB-PR), apresentou um requerimento para quebrar os sigilos bancários, fiscal e telefônico da empresa e dos seus donos, Carla Cortegoso e José Carlos Bortolaia. Mas o pedido não chegou a ser avaliado pela comissão.


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