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TJs se negam a cortar salários e abrem crise
Presidente do STF diz a desembargadores que eles terão de providenciar devolução dos valores pagos a mais desde julho
Celso Limongi, presidente do TJ de São Paulo, afirma que tribunais devem entrar com uma ação coletiva no STF contra decisão do CNJ
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os presidentes dos Tribunais
de Justiça que pagam salários
acima do teto dos Estados, de
R$ 22.111, contestaram ontem o
estudo do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) sobre a existência no Judiciário de 2.978
contracheques irregulares e
disseram que não farão, ao menos imediatamente, os cortes
ordenados pelo órgão.
Um encontro no final da tarde de ontem entre eles e a presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e do CNJ, ministra Ellen Gracie Northfleet,
abriu uma crise interna no Judiciário em razão da iniciativa
do conselho de divulgar o levantamento sobre os supersalários e cobrar dos tribunais
que façam os descontos.
Ellen Gracie afirmou aos desembargadores que, além da
obrigação de cortarem imediatamente os supersalários, eles
terão de providenciar a devolução dos valores pagos a mais
desde julho, quando terminou
o prazo do CNJ para o enquadramento dos tribunais ao teto
salarial do funcionalismo.
O presidente do Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo,
desembargador Celso Limongi,
disse que a insistência do CNJ
no desconto levará os TJs a entrar com uma ação, provavelmente coletiva, no STF: "O STF
é que dará a palavra final. Talvez haja uma ação coletiva. Haverá uma medida judicial caso
os tribunais entendam que o
CNJ não interpretou esse tema
corretamente", disse.
Limongi acusou o CNJ de ter
feito levantamento superficial
sobre os salários, sem examinar
cada caso: "Vamos estudar caso
a caso o que o CNJ entendeu irregular. Eles fizeram um cálculo aritmético, sem considerar
as verbas a que o servidor ou
magistrado tem direito. Vamos
ver se há benefícios que podem
ultrapassar o teto".
Anteontem, ao divulgar o levantamento, Ellen Gracie disse
que os tribunais teriam de promover o corte na folha de pagamentos de dezembro. Limongi
disse que o exame de cada caso
impedirá o cumprimento desse
prazo, sinalizando o mês de janeiro, quando os tribunais estão em férias coletivas. "Não dá
para fazer os cortes em dezembro. Pedi prazo até janeiro."
Dos presidentes dos 19 Tribunais de Justiça que pagam
salários superiores a R$ 22.111,
dois, da Paraíba e do Amapá,
não participaram do encontro.
Limongi falou em nome de todos. Dos 2.978 supersalários
contabilizados, 1.208 são de
São Paulo. O conselho não informou quanto são de servidores e quantos são magistrados.
Reajustes salariais
O ministro Márcio Thomaz
Bastos (Justiça) disse ontem
que o governo vê com muito
cuidado todo aumento, inclusive o do Judiciário, porque há o
risco de um efeito cascata: "O
teto não pode ser um piso. Deve
ser tomado como um limite que
seja alcançado pelas pessoas
que estão no fim de sua carreira. Olhamos com muito cuidado qualquer aumento que vise a
ultrapassar esse limite, que foi
estabelecido em boa hora pelo
Conselho Nacional de Justiça".
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