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Oposição dá início a "operação 2010"
Cúpulas do DEM e do PSDB admitem que o principal objetivo do movimento é fortalecer a candidatura de Serra à Presidência
Líderes oposicionistas estão articulando para melhorar a relação entre os tucanos e os democratas nos principais colégios eleitorais do país
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Líderes nacionais dos principais partidos de oposição ao governo Lula deram início a uma
operação para harmonizar a relação de PSDB e DEM em importantes colégios eleitorais do
país. Bahia, Rio Grande do Sul,
Rio de Janeiro, Sergipe e Rio
Grande do Norte são os primeiros alvos da "operação 2010",
planejada para construir palanques fortes para o próximo candidato tucano à Presidência da
República.
As disputas locais criaram
tensões entre essas duas siglas
nesses cinco Estados que, juntos, contam com 31,9 milhões
de eleitores-o equivalente a
25% do total de eleitores do
Brasil, de acordo com números
do TSE (Tribunal Superior
Eleitoral).
Ouvidos pela Folha, integrantes da cúpula do DEM e do
PSDB admitem que o movimento está sendo pensado para
fortalecer, principalmente, a
candidatura do governador José Serra (SP) a presidente.
"Quanto mais rápido resolver a
situação nos Estados, mais forte será o início da campanha
presidencial em 2010", afirma
o deputado federal Rodrigo
Maia (RJ), presidente nacional
do DEM.
Na Bahia, o PSDB abriu as
portas para o ex-governador do
DEM, Paulo Souto. No Rio
Grande do Sul, as bancadas federais tentam fazer com que a
governadora Yeda Crusius
(PSDB) e o vice Paulo Feijó
(DEM) superem os problemas
pessoais para dos dois partidos
estarem juntos em 2010. No
Rio, o primeiro passo já foi dado: DEM e PSDB se uniram para fazer oposição ao governador peemedebista Sérgio Cabral na Assembléia Legislativa.
"O importante é criar bases
para contar com elas na próxima eleição", diz o presidente
nacional do PSDB, senador
Sérgio Guerra (PE). PSDB e
DEM dizem não quer repetir
os erros de 2006.
Faltou apoio
A avaliação é de que, na eleição presidencial anterior, faltou apoio político ao então candidato tucano Geraldo Alckmin, especialmente naqueles
Estados onde as duas siglas estavam separadas.
Por isso, a Bahia, porta de entrada do Nordeste com mais de
9,2 milhões de eleitores, é considerada uma das prioridades
da "operação 2010". Atualmente, o PSDB e o PT baianos estão
juntos, apoiando o governo petista de Jaques Wagner.
Principal aliado de Serra na
Bahia, o deputado federal Jutahy Júnior. (PSDB-BA) deixou
de lado a histórica rixa com
Souto e avisou ao comando do
PSDB que aceita a filiação do
adversário e também o apóia
como candidato tucano ao governo baiano. O DEM nacional,
contudo, articula para manter
Souto no partido e convencer
os tucanos a abandonarem desde já os petistas para ajudar a
abrir as portas do Nordeste para José Serra.
No Rio de Janeiro, enquanto
sondam o deputado federal
Fernando Gabeira para trocar
o PV pelo PSDB, os tucanos já
combinaram com o DEM de
trabalhar juntos na Assembléia
como oposição ao governo estadual. Os dois partidos prometem dificultar a vida de Sérgio
Cabral, peemedebista aliado de
Lula e entusiasta da candidatura da chefe da Casa Civil, Dilma
Rousseff, à Presidência.
A tendência é manter a parceria firmada entre PV, PPS,
PSDB e DEM no segundo turno
nas eleições municipais na capital fluminense. Esse grupo
deve se colocar contra os apadrinhados do presidente Lula e
do governador Cabral. "A experiência com Gabeira significa
um bom ponto de partida para
a construção de um palanque
nacional para o PSDB", avalia o
deputado federal Otávio Leite
(PSDB-RJ).
No Rio Grande do Sul, a missão é retomar as relações entre
a governadora do PSDB e o vice
do DEM. As bancadas dos dois
partidos no Congresso têm dialogado para tentar fazer com
que os problemas pessoais entre os dois não contaminem a
união das legendas em 2010.
"Temos um projeto que é muito maior, que é a retomada do
poder nacional com essa parceria histórica entre PSDB e
DEM", explica o presidente do
DEM gaúcho, o deputado federal Ônyx Lorenzoni. A idéia, diz
ele, é repetir a vitória que o Estado deu a Alckmin nos dois
turnos das eleições de 2006.
Em Aracaju (SE), o PT e o
PSDB firmaram aliança formal
para apoiar a reeleição do prefeito Edvaldo Nogueira (PC do
B). No Rio Grande do Norte, os
tucanos são aliados da governadora Wilma Faria (PSB). A cúpula nacional tucana tenta descolar o PSDB desses grupos políticos nos dois estados pensando na união com o DEM.
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