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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ ESTATAIS
Empresa teve prejuízos de R$ 121 milhões, segundo auditoria da
Controladoria Geral da União; envolvidos negam irregularidades
CGU vê prejuízos em contratos dos Correios
RUBENS VALENTE
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Controladoria Geral da União
divulgou ontem relatórios de uma
auditoria que aponta prejuízos de
pelo menos R$ 121 milhões em
duas áreas da Empresa de Correios e Telégrafos: transporte aéreo de cargas e aquisição de produtos e serviços de informática.
A auditoria da CGU apontou
supostas irregularidades que envolvem o Consórcio Alpha, liderado pela empresa de informática
Novadata, pertencente a Mauro
Dutra, amigo do presidente Lula.
O contrato assinado em 2002 teria gerado prejuízo de R$ 35 milhões na compra de equipamentos, sobretudo por conta de uma
multa não paga, aplicada em
2005, de R$ 22 milhões. "Os controles da execução física e financeira do contrato mostraram-se
deficientes e não ensejaram a aplicação de penalidades contratuais,
inclusive multa, tendo a ECT
atuado de forma tolerante com a
inadimplência da contratada."
Os técnicos apontaram que
4.324 impressoras de código de
barras, adquiridas há três anos
por R$ 10,4 milhões, estão desativadas porque não houve interligação com as estações de trabalho
dos guichês de atendimento. A investigação detectou o pagamento
de R$ 7 milhões para concluir
uma obra em Aparecida de Goiânia (GO) que já custara o mesmo
valor e estava 94% concluída.
As renovações de autorizações
para o funcionamento de 1.700
agências franqueadas dos Correios "afrontaram" a Constituição, já que não houve licitação.
A CGU afirma que a assinatura
de um contrato aditivo com o
Bradesco, para a ampliação do
Banco Postal, foi feita "sem comprovação da viabilidade econômica para a ECT". Em aditamento ao contrato inicial fechado em
2001, o Bradesco se comprometeu, em setembro de 2004, por R$
62 milhões, a criar 2.500 postos de
atendimentos, que se somaram
aos 5.000 já existentes no país.
A auditoria especial, que foi desencadeada após a revelação da fita que flagrou o recebimento de
propina pelo ex-funcionário dos
Correios Maurício Marinho, já resultou até agora em 30 relatórios,
que abrangem 257 contratos, no
valor total de R$ 8,37 bilhões.
Os técnicos da CGU apontaram
um "prejuízo estimado" de R$ 86
milhões só na Rede Postal Noturna. A maior parte do rombo, diz a
CGU, refere-se ao pagamento
"superfaturado" de R$ 58,8 milhões à empresa Skymaster.
Outro lado
A assessoria de imprensa dos
Correios informou ontem que a
empresa vai "esclarecer" as supostas irregularidades. A Novadata contestou as acusações da
CGU e disse que "todos os equipamentos previstos no contrato
foram entregues e instalados pelo
Consórcio Alpha e todos os serviços previstos foram executados".
"O Consórcio Alpha apresentou, dentro do prazo legal, defesa
contra a multa aplicada pela ECT.
A defesa ainda está em fase de
análise. O consórcio entende que
falta comprovação efetiva das alegações apresentadas no auto de
infração e que muitos dos casos
citados no auto de infração se referem a falhas geradas por uso indevido do equipamento, fatores
que não são cobertos pela garantia contratual e que, portanto, não
podem ocasionar multa", informou a assessoria da empresa.
A assessoria de imprensa do
banco Bradesco informou que a
instituição "não vai se manifestar" sobre o relatório da CGU. A
Skymaster disse, em nota, que
"não tem como entrar no mérito
de um relatório como o que apresenta a CGU, que já parte de parâmetros equivocados, inexistentes
e fora do objeto do contrato".
TCU
Relatório preliminar do TCU
(Tribunal de Contas da União)
enviado à CPI dos Correios nesta
semana aponta indícios de irregularidade na contratação e execução dos serviços de publicidade e
propaganda no Ministério do Turismo entre 2003 e 2005. O tribunal está auditando pagamentos
que somam R$ 30 milhões. As irregularidades teriam sido cometidas nos contratos com a Agnelo
Pacheco Criação & Propaganda e
a Perfil Promoções e Publicidade.
O Ministério do Turismo afirmou que não houve fraude na licitação nem na execução do contrato. O diretor da Agnelo Pacheco
em Brasília, Gui Pacheco, negou
que tenha havido irregularidades.
A Folha não localizou ninguém
ontem na Perfil Promoções.
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