São Paulo, domingo, 30 de dezembro de 2007

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"Eles têm medo de eu chutar o pau da barraca", diz vice

FOLHA - Em 2002, o sr. representava a segurança e o Lula era o radical. Os papéis hoje se inverteram?
JOSÉ ALENCAR
- O José Alencar deu ao Lula condições de ser aceito por certos segmentos da sociedade brasileira que tinham medo de que o Lula chegasse, como se diz naquela expressão, e chutasse o pau da barraca. Hoje é o contrário, eles têm medo de eu chutar o pau da barraca. Hoje o Lula deu uma demonstração de que é um camarada de uma responsabilidade, uma coisa extraordinária, ajuizado.

FOLHA - Mais do que o sr.
ALENCAR
- [rindo] Eu digo que, com relação à política monetária, ele é até mais corajoso do que eu, porque para pagar uma taxa [de juros] dessa é preciso ter muita coragem.

FOLHA - É mais conservador?
ALENCAR
- Não sei, é aquela história, nós dois somos nacionalistas, somos preocupados com os humildes, somos solidários com os pobres. Ele, então, nem se fala, é admirável. Eu, modéstia às favas, sou também. Nesse ponto, somos a mesma coisa.

FOLHA - É engraçado, o sr. tem essa visão crítica do Lula em relação aos juros e ao mesmo tempo carinho...
ALENCAR
- Carinho, não, tenho reconhecimento do valor dele, que é extraordinário, porque você tem de ter isenção. Eu não sou um auxiliar dele. Sou vice-presidente eleito, ainda que minha eleição tenha dependido diretamente da dele. Ele não pode me demitir, então falo com isenção e independência, e não para garantir meu mandato, falo porque penso assim.

FOLHA - Que recomendação o sr. daria para Lula em 2008?
ALENCAR
- Primeira coisa, baixar esses juros. Depois, fazer tudo o que tem feito.


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