São Paulo, quarta-feira, 31 de janeiro de 2001

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PAINEL

Combustão espontânea
Entre perder de Jader Barbalho e ganhar com Jader Barbalho, José Sarney fez a segunda opção. O ex-presidente se considera peça no jogo sucessório e o PMDB é a legenda que pode viabilizar sua eventual volta ao Planalto em 2002. Ou cacifar uma vice para a filha Roseana.

Araponga trapalhão
ACM tinha espiões no gabinete em que os senadores do PMDB oficializaram a candidatura de Jader. Um deles, segurança da Casa, usava um microfone na lapela que transmitia tudo o que captava diretamente para o gabinete do baiano. Foi descoberto e convidado a sair.

Pá de cal
PSDB, PPB e PTB discutem a formação de um bloco parlamentar no Senado. Se der certo, o bloco terá 23 senadores e garantirá de vez a eleição de Jader para a presidência da Casa.

Terra arrasada
Roberto Requião (PR) foi o primeiro a deixar a reunião do PMDB. Ligou para ACM e disse que só ele votara contra Jader. O baiano contava também com Gilvam Rocha (AP) e Iris Resende (GO) e lamentou a "traição".

Sozinho em casa
ACM não fez contatos políticos na noite de segunda passada. Nem foi procurado por eventuais aliados em casa. No Alvorada, Sarney reafirmou a FHC que não seria candidato.

Última tentativa
Aliados de Sarney o procuraram para saber se deveriam ir à reunião do PMDB. Todos foram liberados. Na manhã de ontem, Sebastião Rocha (AP) ligou fazendo um apelo para ele concorrer. "Não me fale mais disso", ouviu como resposta.

Não é comigo
Quem tentou se aconselhar no Planalto sobre votar ou não em Jader ficou na mesma. "FHC continua viajando", ironiza um peemedebista. O presidente, de fato, não ajudou Jader, mas também não criou obstáculos.

Biblioteca lotada
ACM enviou para FHC um exemplar do livro que escreveu sobre Jader. O presidente ainda não leu a obra do baiano nem a que um jornalista escreveu sobre o pefelista. Diz que ainda não acabou de ler "La Fiesta Del Chivo", de Mario Vargas Llosa.

Navio fantasma
A Nau Capitânia continua fazendo água. Depois de falhar nas comemorações dos 500 anos, a réplica chegou ontem ao porto de Paranaguá (PR). Para horror do homem de comunicação de Jaime Lerner, o ex-ministro Rafael Greca, a nau colidiu com outras embarcações.

Cuidado com a ressaca
Itamar Franco tem espalhado em Minas que poderá voltar ao PMDB após o Carnaval. O governador, no entanto, só terá espaço para retornar ao partido se o Planalto interferir contra Jader Barbalho na eleição do Senado, hipótese cada vez mais remota.

Campanha familiar
Ex-mulher de Jader, Elcione Barbalho (PMDB-PA) também está em campanha no Congresso. A deputada disputa a 4ª Secretaria da Câmara. Seu slogan: "É hora de arrumar a Casa".

Lembrete
De Ronaldo Caiado (PFL), sobre o favoritismo de Aécio Neves (PSDB) na disputa na Câmara: "Aécio está repetindo FHC, sentando na cadeira antes do tempo. Pode ter uma decepção".

Estandarte brizolista
Após a debandada no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, o PDT mineiro também está se esvaindo. Seis dos sete deputados estaduais ameaçam abandonar a sigla. No Ceará, Mariano Freitas largou a presidência do PDT para se filiar ao PC do B.

2002 vem aí
O PSB está tentando filiar mais um governador, depois de Anthony Garotinho: Francisco de Assis Souza, o Mão Santa (PMDB-PI). O senador Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB) também recebeu acenos do partido.

TIROTEIO

De Tarso Genro (PT), sobre FHC ter feito críticas aos fóruns de Davos e de Porto Alegre:
- FHC avançou um pouquinho. Para quem sempre foi um gerente de Davos, parece até que ele está melhorando.

CONTRAPONTO

Cartão vermelho



João Pedro Stedile (MST) negociou o acordo que evitou a prisão do líder agrário francês José Bové, na noite de anteontem, em Porto Alegre.
Acusado de crime por ter destruído plantações de soja transgênica da Monsanto, Bové foi conduzido a um prédio da Polícia Federal, onde depôs e foi notificado de sua expulsão do país.
Durante o depoimento, já na madrugada de ontem, Stedile foi ao encontro de um grupo que protestava em frente ao prédio.
Enquanto relatava a situação de Bové, Stedile recebeu uma ligação de um assessor do vice-governador Miguel Rossetto (RS). Diante das perguntas insistentes do assessor, foi irônico:
- Não te preocupas, tchê. Sei como resolver o impasse diplomático: vou propor a troca do Bové pelo Ronaldinho Gaúcho (que está envolvido em uma polêmica negociação com um clube do futebol francês).


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