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São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 2003

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Palocci tenta apaziguar a bancada

LILIAN CHRISTOFOLETTI
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Com o objetivo de enquadrar a esquerda petista e garantir apoio irrestrito às ações do governo federal, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu (PT), conversará hoje com os 92 deputados da nova bancada petista da Câmara.
Esse encontro estava agendado havia pelo menos um mês, mas o tema inicial -a composição das comissões parlamentares- cedeu lugar a um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de unificar o partido em torno das ações do governo e de apaziguar as brigas internas.
O convidado especial da reunião é o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho. É da área econômica que têm saído algumas das medidas mais polêmicas, como a determinação do Banco Central de elevar a taxa de juros para 25,5% ao ano -medida esta que estimulou declarações raivosas de alguns petistas.
Em seu discurso, Palocci deverá ser duro ao falar que o governo federal não irá abrir mão de medidas austeras e até ortodoxas para conter a alta da inflação e conquistar a confiança do mercado financeiro.
O ministro da Fazenda, por sua vez, terá de ouvir as reclamações de deputados petistas. Em geral, os parlamentares querem uma sinalização do novo governo de que haverá mudanças na política econômica, ou seja, de que a alta taxa de juros é provisória.
Alguns petistas, que reclamam da falta de diálogo com o governo federal, querem mais detalhes sobre a questão da autonomia do Banco Central e da ampliação do superávit primário.
"Quero ouvir o que Palocci tem a dizer. Mas a sociedade espera por sinais de mudança", disse o deputado Doutor Rosinha (PR).
O presidente nacional do PT, José Genoino, também foi escalado pelo presidente Lula para tentar acalmar os ânimos dos petistas. Ele afirma que não haverá "enquadramento".
"Ninguém vai pedir nada para os deputados. Vamos destacar três pontos: todos os petistas são co-responsáveis pelas ações do governo federal, todos os petistas estão no governo e todos os petistas devem estar unidos para ajudar nas reformas, essa unidade é fundamental", afirmou o presidente do PT.
Genoino afirmou que considera "natural" o fato de membros do PT apresentarem suas opiniões. Mas o partido, segundo ele, é o partido, e não um deputado ou um senador. Ele repreendeu a atuação da senadora Heloísa Helena, que disparou críticas ao governo. "A senadora Heloísa Helena não é a depositária da história do PT. Ninguém é o depositário. Se há alguém que pode reivindicar isso, esse alguém é o presidente Lula", disse Genoino.


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