|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Palocci tenta apaziguar a bancada
LILIAN CHRISTOFOLETTI
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Com o objetivo de enquadrar a
esquerda petista e garantir apoio
irrestrito às ações do governo federal, o ministro-chefe da Casa
Civil, José Dirceu (PT), conversará hoje com os 92 deputados da
nova bancada petista da Câmara.
Esse encontro estava agendado
havia pelo menos um mês, mas o
tema inicial -a composição das
comissões parlamentares- cedeu lugar a um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de unificar o partido em torno das ações do governo e de apaziguar as brigas internas.
O convidado especial da reunião é o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho. É da área econômica que têm saído algumas
das medidas mais polêmicas, como a determinação do Banco
Central de elevar a taxa de juros
para 25,5% ao ano -medida esta
que estimulou declarações raivosas de alguns petistas.
Em seu discurso, Palocci deverá
ser duro ao falar que o governo federal não irá abrir mão de medidas austeras e até ortodoxas para
conter a alta da inflação e conquistar a confiança do mercado financeiro.
O ministro da Fazenda, por sua
vez, terá de ouvir as reclamações
de deputados petistas. Em geral,
os parlamentares querem uma sinalização do novo governo de que
haverá mudanças na política econômica, ou seja, de que a alta taxa
de juros é provisória.
Alguns petistas, que reclamam
da falta de diálogo com o governo
federal, querem mais detalhes sobre a questão da autonomia do
Banco Central e da ampliação do
superávit primário.
"Quero ouvir o que Palocci tem
a dizer. Mas a sociedade espera
por sinais de mudança", disse o
deputado Doutor Rosinha (PR).
O presidente nacional do PT,
José Genoino, também foi escalado pelo presidente Lula para tentar acalmar os ânimos dos petistas. Ele afirma que não haverá
"enquadramento".
"Ninguém vai pedir nada para
os deputados. Vamos destacar
três pontos: todos os petistas são
co-responsáveis pelas ações do
governo federal, todos os petistas
estão no governo e todos os petistas devem estar unidos para ajudar nas reformas, essa unidade é
fundamental", afirmou o presidente do PT.
Genoino afirmou que considera
"natural" o fato de membros do
PT apresentarem suas opiniões.
Mas o partido, segundo ele, é o
partido, e não um deputado ou
um senador. Ele repreendeu a
atuação da senadora Heloísa Helena, que disparou críticas ao governo. "A senadora Heloísa Helena não é a depositária da história
do PT. Ninguém é o depositário.
Se há alguém que pode reivindicar isso, esse alguém é o presidente Lula", disse Genoino.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: PDT ameaça não formar bloco com PT no Senado Índice
|