São Paulo, segunda-feira, 31 de janeiro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Advogado diz que Lula sabia de doação

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria sido informado sobre a negociação entre a empresa Lubeca e a Prefeitura de São Paulo em 1989. É o que afirma o advogado José Firmo Ferraz Filho em conversa gravada por Eduardo Pizarro Carnelós.
"Meu irmão, isso tudo teve o patrocínio direto do Lula..., do Luiz Inácio Lula da Silva, viu?"
Na época, Lula era candidato à Presidência e o dinheiro seria para ajudar a financiar sua campanha. Em 1990, quando o "Jornal da Tarde" informou que Lula estava "a par" da negociação da prefeitura com a Lubeca, ele disse que a versão era falsa. O diálogo sobre o suposto patrocínio, no entanto, não havia sido divulgado.
Na fita, Ferraz Filho diz que não conversou diretamente com Lula, mas com Paulo Okamoto, ex-presidente regional do PT, tesoureiro da campanha de 1989 e hoje diretor-presidente do Sebrae.
Carnelós sai em defesa de Lula: "Então, meu caro, não dá pra botar muita fé nisso... O Lula não está sabendo de onde está vindo o dinheiro pra campanha".
Apesar da defesa, Carnelós foi o único processado por Lula em 1990. A queixa-crime foi rejeitada pela Justiça e Lula condenado a pagar os honorários advocatícios.
Procurado pela reportagem desde a última sexta-feira, Okamoto não foi localizado. A assessoria do Sebrae informou que tentaria localizá-lo.

Convite
Num dos momentos da conversa, Ferraz Filho diz ter recebido um convite do hoje ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) para trabalhar com Lula. O objetivo seria "mostrar como é feita uma negociação, como tem que conversar". Gushiken era um dos coordenadores da campanha e o presidente nacional do PT.
A proposta, diz Ferraz Filho, foi feita durante uma viagem de SP a Angra dos Reis. Estariam presentes o próprio Ferraz Filho, Luiz Eduardo Greenhalgh e Gushiken.
Na época, os dois petistas confirmaram terem viajado com Ferraz Filho para participar de um ato público contra a tentativa de cassação do prefeito Neirobis Nagae, do PT, mas disseram ser falso o teor do diálogo e chamaram o advogado de "doido varrido".
Procurado pela Folha, Gushiken disse, por meio de sua assessoria, não se recordar da viagem nem de Ferraz Filho. Ele nega que o convite tenha existido. Em nota à Folha, Greenhalgh não comentou a viagem. (LC)


Texto Anterior: Diálogos reabrem suspeita de propina ao PT no caso Lubeca
Próximo Texto: 15 anos depois: Greenhalgh diz que caso já está encerrado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.