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Advogado diz que Lula sabia de doação
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva teria sido informado sobre a negociação entre a empresa
Lubeca e a Prefeitura de São Paulo
em 1989. É o que afirma o advogado José Firmo Ferraz Filho em
conversa gravada por Eduardo
Pizarro Carnelós.
"Meu irmão, isso tudo teve o patrocínio direto do Lula..., do Luiz
Inácio Lula da Silva, viu?"
Na época, Lula era candidato à
Presidência e o dinheiro seria para ajudar a financiar sua campanha. Em 1990, quando o "Jornal
da Tarde" informou que Lula estava "a par" da negociação da prefeitura com a Lubeca, ele disse
que a versão era falsa. O diálogo
sobre o suposto patrocínio, no entanto, não havia sido divulgado.
Na fita, Ferraz Filho diz que não
conversou diretamente com Lula,
mas com Paulo Okamoto, ex-presidente regional do PT, tesoureiro
da campanha de 1989 e hoje diretor-presidente do Sebrae.
Carnelós sai em defesa de Lula:
"Então, meu caro, não dá pra botar muita fé nisso... O Lula não está sabendo de onde está vindo o
dinheiro pra campanha".
Apesar da defesa, Carnelós foi o
único processado por Lula em
1990. A queixa-crime foi rejeitada
pela Justiça e Lula condenado a
pagar os honorários advocatícios.
Procurado pela reportagem
desde a última sexta-feira, Okamoto não foi localizado. A assessoria do Sebrae informou que
tentaria localizá-lo.
Convite
Num dos momentos da conversa, Ferraz Filho diz ter recebido
um convite do hoje ministro Luiz
Gushiken (Comunicação de Governo) para trabalhar com Lula. O
objetivo seria "mostrar como é
feita uma negociação, como tem
que conversar". Gushiken era um
dos coordenadores da campanha
e o presidente nacional do PT.
A proposta, diz Ferraz Filho, foi
feita durante uma viagem de SP a
Angra dos Reis. Estariam presentes o próprio Ferraz Filho, Luiz
Eduardo Greenhalgh e Gushiken.
Na época, os dois petistas confirmaram terem viajado com Ferraz Filho para participar de um
ato público contra a tentativa de
cassação do prefeito Neirobis Nagae, do PT, mas disseram ser falso
o teor do diálogo e chamaram o
advogado de "doido varrido".
Procurado pela Folha, Gushiken disse, por meio de sua assessoria, não se recordar da viagem
nem de Ferraz Filho. Ele nega que
o convite tenha existido. Em nota
à Folha, Greenhalgh não comentou a viagem.
(LC)
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