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Vereadores debatem corrupção
da Reportagem Local
As denúncias de
Nicéa Pitta podem
reacender um movimento espontâneo da sociedade
contra as práticas
de corrupção e determinar os rumos da transparência política em
São Paulo neste ano eleitoral.
Essa é a constatação do debate
"Transparência e corrupção em
ano eleitoral", promovido pela
Folha no último dia 13, com a
participação dos vereadores José
Eduardo Martins Cardozo (PT) e
Miguel Colasuonno (PMDB), e
do jornalista Chico de Gois.
"Está havendo um tipo de protesto, que eu chamaria de protesto de botequim. As pessoas não
estão indo para as ruas para fazer
grandes passeatas ou levantar
bandeiras de partidos. Elas estão
querendo apurar os fatos, cobrar
dos políticos", disse Gois, autor
do livro "Segredos da Máfia", sobre a máfia dos fiscais da prefeitura, e repórter do caderno Cotidiano/São Paulo da Folha.
"Nunca vi uma reação tão forte
da sociedade. A indignação das
ruas é uma coisa impressionante.
Me dá a impressão de que, pela
primeira vez, começamos a construir uma cultura política diferente. Esse escândalo serve para o início de um processo de tomada de
consciência", disse Cardozo.
Para Colasuonno, esse fenômeno deve acontecer porque "a população não quer discutir ideologia, mas qualidade de vida". É por
isso, segundo ele, que a bandeira
partidária está perdendo espaço
para a defesa dos interesses dos
cidadãos. "A população se deu
conta de que a corrupção a atinge
diretamente", acrescentou Gois.
Cardozo comentou que o brasileiro sempre se portou de maneira passiva diante dos escândalos
da política. "Eu costumo dizer o
seguinte: em alguns países do
mundo, quando se pega o corrupto, a execração social é tão grande
que às vezes ele se suicida. No
Brasil, ele se reelege."
Mas, segundo o vereador petista, a expectativa é de que isso não
volte a acontecer em São Paulo.
"A sensação é de que estamos
num processo de mudança dessa
mentalidade histórica."
Tanto Cardozo como Colasuonno destacaram o financiamento eleitoral como fonte de
corrupção. "A porta de entrada
para a corrupção é o momento
das eleições. São raríssimos os
empresários que oferecem dinheiro e não pedem contraprestação. Sairia mais barato para o Estado custear as campanhas do
que manter o esquema atual",
disse Cardozo. Colasuonno discordou: "O cidadão que pagou o
imposto nem sempre vai querer
que esse dinheiro seja usado no financiamento de campanha."
Os participantes discutiram outras implicações das denúncias de
Nicéa. Cardozo disse que "não há
articulação política" que leve à
aprovação da CPI na Câmara para investigar as denúncias. "Só a
pressão da sociedade, não há outra força de convencimento."
Para Colasuonno, "o efeito Nicéa" deve favorecer os partidos de
centro. Segundo Cardozo, "o escândalo atinge brutalmente a candidatura de Pitta e Paulo Maluf."
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