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FHC e pefelistas já buscam alternativa
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso e a cúpula do PFL já
trabalham numa saída honrosa
para o partido depois do surto de
rebeldia em favor do salário mínimo de R$ 177.
FHC está pessoalmente empenhado em pôr um ponto final no
longo debate do mínimo sem ficar com a pecha de insensível.
Para o PFL, está valendo o ""espírito de vagalume", que determina a irresistível atração do partido
pelo governo. Não será dessa vez
que os pefelistas vão inovar e partir para a oposição. Nem mesmo
por conta de uma bandeira aparentemente popular como o salário mínimo mais elevado.
No governo, FHC optou por
não dar espaço à beligerância entre os aliados. Parece-lhe pouco
sensato, no momento, excluir o
PFL da base governista. O presidente não quer prescindir dos votos do partido no Congresso.
O desempenho recente da política econômica, com sinais de retomada do crescimento, tem papel importante nessa história. Para o PFL, custaria ficar contra um
possível sucesso na economia.
Já o governo não quer contaminar essas mesmas chances de sucesso com rupturas políticas. Feitas as análises, governo e PFL concluíram que convém aos interesses de ambos buscar um acordo.
O futuro entendimento poderá
ser afinado no vôo que levará
FHC a Florianópolis hoje. O presidente do PFL, Jorge Bornhausen
(SC), vai acompanhá-lo na viagem. As conversas têm os seguintes pressupostos:
1) FHC insiste em ter o mínimo
fixado a partir de 3 de abril em R$
151. Qualquer tostão a mais que o
Congresso eventualmente aprove
esbarrará num veto do presidente, segundo disposição reafirmada mais uma vez ontem;
2) Dentro das possibilidades do
Orçamento da União para 2001, o
governo estudará um novo aumento para o mínimo logo no início do ano. FHC não fixa previamente o valor, mas não mostra
simpatia pelos R$ 177 defendidos
pelo PFL;
3) A fórmula de entendimento
permitirá que o PFL não saia derrotado da novela do mínimo apesar de já ter defendido um reajuste imediato maior;
4) Estabelecidas as condições do
acordo, FHC cobrará fidelidade
dos pefelistas ao valor do mínimo
fixado por medida provisória na
semana passada. Espera encerrar
com isso uma polêmica que já dura mais de um mês;
5) Como subproduto desse entendimento, o presidente espera
contar com moderação do senador Antonio Carlos Magalhães e,
assim, evitar mais desgaste para o
governo.
A possibilidade de um reajuste
maior do mínimo logo no início
do ano que vem havia sido submetida a FHC quase 24 horas antes da reunião de ontem da comissão executiva pefelista.
Por Bornhausen, FHC soube
que havia espaço para um entendimento. O senador deixou o encontro com o presidente com a
mesma impressão.
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