São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 2000


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FHC e pefelistas já buscam alternativa

MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso e a cúpula do PFL já trabalham numa saída honrosa para o partido depois do surto de rebeldia em favor do salário mínimo de R$ 177.
FHC está pessoalmente empenhado em pôr um ponto final no longo debate do mínimo sem ficar com a pecha de insensível.
Para o PFL, está valendo o ""espírito de vagalume", que determina a irresistível atração do partido pelo governo. Não será dessa vez que os pefelistas vão inovar e partir para a oposição. Nem mesmo por conta de uma bandeira aparentemente popular como o salário mínimo mais elevado.
No governo, FHC optou por não dar espaço à beligerância entre os aliados. Parece-lhe pouco sensato, no momento, excluir o PFL da base governista. O presidente não quer prescindir dos votos do partido no Congresso.
O desempenho recente da política econômica, com sinais de retomada do crescimento, tem papel importante nessa história. Para o PFL, custaria ficar contra um possível sucesso na economia.
Já o governo não quer contaminar essas mesmas chances de sucesso com rupturas políticas. Feitas as análises, governo e PFL concluíram que convém aos interesses de ambos buscar um acordo.
O futuro entendimento poderá ser afinado no vôo que levará FHC a Florianópolis hoje. O presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), vai acompanhá-lo na viagem. As conversas têm os seguintes pressupostos:
1) FHC insiste em ter o mínimo fixado a partir de 3 de abril em R$ 151. Qualquer tostão a mais que o Congresso eventualmente aprove esbarrará num veto do presidente, segundo disposição reafirmada mais uma vez ontem;
2) Dentro das possibilidades do Orçamento da União para 2001, o governo estudará um novo aumento para o mínimo logo no início do ano. FHC não fixa previamente o valor, mas não mostra simpatia pelos R$ 177 defendidos pelo PFL;
3) A fórmula de entendimento permitirá que o PFL não saia derrotado da novela do mínimo apesar de já ter defendido um reajuste imediato maior;
4) Estabelecidas as condições do acordo, FHC cobrará fidelidade dos pefelistas ao valor do mínimo fixado por medida provisória na semana passada. Espera encerrar com isso uma polêmica que já dura mais de um mês;
5) Como subproduto desse entendimento, o presidente espera contar com moderação do senador Antonio Carlos Magalhães e, assim, evitar mais desgaste para o governo.
A possibilidade de um reajuste maior do mínimo logo no início do ano que vem havia sido submetida a FHC quase 24 horas antes da reunião de ontem da comissão executiva pefelista.
Por Bornhausen, FHC soube que havia espaço para um entendimento. O senador deixou o encontro com o presidente com a mesma impressão.


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