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CONGRESSO
Partido aposta em reabertura de negociações devido ao seu peso na base parlamentar governista
PFL recua em proposta para o mínimo
DENISE MADUEÑO
RAQUEL ULHÔA
da Sucursal de Brasília
O PFL adotou ontem um recuo
tático em sua proposta sobre o salário mínimo, apostando na reabertura de negociações com o governo. A executiva aprovou por
unanimidade uma posição de
aparente confronto, mas que abre
brechas para uma saída honrosa
para o partido (leia texto abaixo).
O partido decidiu aceitar o salário mínimo de R$ 151 a partir de 3
de abril, desde que o governo
aprove a proposta de aumentá-lo
para R$ 177 em 1º de janeiro.
Uma emenda neste sentido já
foi apresentada na comissão mista que analisa a medida provisória
do salário mínimo pelos senadores José Jorge (PFL-PE) e Paulo
Souto (PFL-BA).
A proposta já havia sido apresentada ao presidente Fernando
Henrique Cardoso pelo presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), com o aval do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (BA).
"O PFL manteve sua posição a
favor do mínimo de R$ 177. Comprovada a falta de recurso, o partido aceita flexibilizar no tempo para que esse valor vigore a partir de
janeiro", afirmou Bornhausen.
ACM declarou que acata a decisão. "Essa é uma fórmula que não
é a ideal, mas que o presidente
Bornhausen levou para o presidente Fernando Henrique. Nós
somos pelos R$ 177 imediatamente. Entretanto, se tiver dificuldades provadas pelo governo,
adotamos em 1º de janeiro", disse.
O governo já sinalizou que não
aceita essa imposição, mas lideranças governistas, que não querem radicalizar a divergência com
o PFL, afirmam que o presidente
poderá aceitar a tese de aumentar
novamente o mínimo em janeiro,
mas sem fixar agora seu valor.
Essa seria uma forma de superar o impasse atual em torno do
salário mínimo sem comprometer o governo antecipadamente
com aumento de gastos. "Queremos (os demais partidos da base)
uma saída honrosa para o PFL",
afirmou o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA).
Pelo menos no discurso, os pefelistas foram radicais na saída da
reunião. "O PFL mantém sua posição do valor de R$ 177. Se precisar, vamos disputar no voto no
plenário", afirmou o líder do partido no Senado, Hugo Napoleão
(PI). "Se perder, perdeu. Nós estamos unidos na nossa posição",
disse Bornhausen.
O deputado José Thomaz Nonô
(PFL-AL) traduziu o raciocínio
feito na reunião. "A idéia é que o
partido se fortalece politicamente
mantendo a posição a favor do R$
177, e que perderia, se recuasse,
porque já vendeu para a opinião
pública uma imagem de defesa do
salário maior."
Juntos, o PFL e a oposição não
têm votos suficientes para enfrentar os demais partidos da base
aliada. Essa união, no entanto,
pode provocar desgaste político e
atrapalhar votações de interesse
governista no Congresso.
"É difícil a vida do governo sem
o PFL. O partido, por exemplo,
pode se retirar da comissão que
analisa o subteto e impedir a votação. O governo vai negociar", afirmou o deputado Luiz Antonio de
Medeiros (PFL-SP).
Ele foi o autor da proposta do
partido de elevar o salário mínimo para o equivalente a US$ 100.
Ele apresentou emenda na comissão mista aumentando o valor do
mínimo para R$ 177 já.
Planalto
O presidente Fernando Henrique Cardoso considerou a proposta do PFL uma abertura para a
busca do entendimento, mas não
vai opinar sobre seu conteúdo,
disse o porta-voz da Presidência,
Georges Lamazière.
"Ele (FHC) vê (a proposta) como um passo na busca do entendimento. Mas a discussão agora
foi transferida para o âmbito do
Congresso, dos partidos", declarou o porta-voz.
Questionado se o presidente vetaria um eventual aumento do valor do mínimo pelo Congresso,
Lamazière disse que "o presidente
acredita que não haverá necessidade de chegar a essa hipótese,
porque ele considera que o Congresso está consciente da posição
do governo".
Colaborou Augusto Gazir, da Sucursal de
Brasília
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