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Ex-secretário acusa
empresário ao depor
FABIANA CIMIERI
DA SUCURSAL DO RIO
O ex-secretário Nacional de Segurança Pública Luiz Eduardo
Soares identificou ontem o empresário gaúcho Sérgio Canozzi
como o homem que lhe propôs,
em 2002, montar esquema de desvio de recursos para a campanha
do PT e lhe disse que Waldomiro
Diniz, então presidente da Loterj
(Loteria do Estado do Rio), recebia dinheiro dos bingos.
Na época, a petista Benedita da
Silva havia recém-assumido o governo do Rio e preparava-se para
a campanha à reeleição. Soares seria seu candidato a vice.
O ex-secretário prestou depoimento ontem à CPI da Assembléia do Rio que investiga suposta
participação de Waldomiro em
fraudes na Loterj. Soares se demitiu em outubro de 2003 após ter
sido acusado de nepotismo.
No depoimento, ele atacou o
governo: "Assistimos hoje no país
a um casamento perverso entre o
autoritarismo stalinista e práticas
clientelistas tradicionais, suscitando a convicção de que o governo federal dispõe de um projeto
de poder, mas não de um projeto
de governo".
A convocação de Soares foi motivada por uma entrevista ao provedor AOL na qual ele afirmou ter
advertido a própria Benedita e dirigentes do PT sobre suas desconfianças em relação a Waldomiro.
Canozzi, 51, que atua em Caxias
do Sul (RS), teve ao menos 29 processos movidos contra ele em varas federais de Novo Hamburgo e
Porto Alegre. Em sua maioria, os
processos têm como acusação a
prática de sonegação. Ele não foi
localizado ontem.
Ontem, à CPI, Soares afirmou
que se encontrou com Canozzi a
pedido do empresário num hotel
da zona sul do Rio, em 2002. Ele
disse não ter denunciado Waldomiro por ter acreditado que a
conversa era uma armadilha política para prejudicar as campanhas
de Benedita e de Lula.
Soares afirmou que alertou Benedita três vezes contra Waldomiro, além de ter comentado o
encontro com Canozzi com os petistas Marcelo Sereno, assessor da
Casa Civil, Val Carvalho e Manoel
Severino, que ocupavam cargos
no governo do Rio. Eles negam.
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