São Paulo, quarta-feira, 31 de março de 2004

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TODA MÍDIA

O subprocurador

NELSON DE SÁ

O escândalo já vinha mal das pernas, sem novidades, e a primeira (e longa) manchete do Jornal Nacional tirou ainda mais sua força:
- Exclusivo. Uma nova fita no caso Waldomiro Diniz. Ela revela detalhes de um encontro no meio da madrugada -de Carlinhos Cachoeira com um subprocurador da República. O subprocurador tenta obter uma fita e revela por que ele está preocupado com o chefe:
Entra o trecho da fita, com a voz do subprocurador:
- Ele vai vir aqui e ele vai ver, tomando um depoimento para, me desculpe a expressão, para ferrar o chefe da Casa Civil da Presidência da República.
Mais à frente, ao introduzir a reportagem, o âncora William Bonner afirmou:
- Na fita, o subprocurador se mostra preocupado com o adiantado da hora. Eram três da manhã. Diz a Cachoeira que seu superior, o procurador Cláudio Fontelles, costuma chegar cedo. Que se o encontrasse ali poderia estranhar a reunião e veria um subprocurador empenhado em derrubar o governo do PT.
O subprocurador é o mesmo que atuou no caso Lunus, que levou à retirada da candidatura por Roseana Sarney em 2002: José Roberto Santoro.
 
O procurador-geral, Cláudio Fontelles, não falou ao JN, mas surgiu no Jornal da Record para descrever como "gravíssimo" o episódio -e avisar que estuda a abertura de um inquérito contra José Roberto Santoro.
 
As primeiras reações surgiram logo depois do JN, na internet. Na Globo On Line, do vice-líder do governo na Câmara:
- Ele se utilizou o cargo para desestabilizar o Executivo... Até que enfim o país tem uma luz.
Na versão on line de "O Estado de S.Paulo", o líder do PFL (de Roseana) agora pedia "palmas para o Ministério Público". Para José Roberto Santoro.

SÓ COMERCIAL

moveon.org/Reprodução


Uma semana de más notícias para Bush deram em nada. No enunciado de Aaron Brown, âncora da CNN, "pesquisa mostra que a controvérsia não afeta a corrida presidencial". O "Washington Post" perguntou "quem precisa de imprensa a favor". Político nenhum, indicou a pesquisa Gallup encomendada por CNN e "USA Today". Os comerciais republicanos atingiram o democrata John Kerry muito mais do que as manchetes dos jornais atingiram Bush, avaliou o "USA Today". O presidente voltou a liderar. Ato contínuo: entrou no ar um comercial contra Bush para ecoar as denúncias (acima, cena com a frase "um fracasso como líder"), mas em linguagem publicitária.

Demonstração

Em momento de exposição do governo, é falar grosso que leva. Foi o que fizeram as indústrias de base, segundo o "Valor". Manchete do jornal:
- Governo tenta desatar nó ambiental que atrasa obras.
Lula, após levar as ministras da Energia e do Meio Ambiente a acordo, afirmou que era, como citou o "Valor" on line à tarde, "a mais viva demonstração" de que fará o que for preciso.

Auxílio

Manchete da home do jornal argentino "Clarín", ontem:
- Depois do auxílio do Brasil, normaliza-se a tensão elétrica.
A ministra Dilma Roussef, que esteve em Buenos Aires, saiu em socorro ao presidente Kirchner.

Ameaça legítima

De novo, é só falar grosso que leva. Lula se encontrou com o núcleo duro para responder com ações às ameaças do MST. Do porta-voz André Singer:
- O governo considera que as manifestações pela reforma agrária são legítimas, desde que fiquem no marco da legalidade.

Firme

O ministro Antônio Palocci fez um depoimento à Fidel Castro, ontem. Da Globo News:
- Ele falou quase sete horas.
Foi castrista na forma, não no conteúdo. Descrição do "Valor":
- Respostas firmes, embora sem muitas novidades.

Sem inflação

As horas de Palocci, somadas aos minutos de Lula anteontem, ambos na linha de "não tolerar inflação", animaram o mercado.
Foi assim, segundo a agência Bloomberg, que o real teve o maior ganho diante do dólar em três semanas. Isso, mais:
- A especulação sobre José Dirceu parece desaparecer sem novas revelações nas revistas.

Unicamp

O PPS entrou em São Paulo. "O Globo" disse ontem que o economista Luiz Beluzzo, uma reserva técnica do PMDB, está agora no partido de Ciro Gomes.

Projeto

- Onde está o projeto capaz de se contrapor (ao PT)?
A pergunta é do site E-Agora, que é próximo do tucanato, numa discussão franca.
Questiona-se a "falta de um debate programático", antes do governo FHC e sobretudo hoje.
O projeto FHC teria sido uma mistura de BNDES, Itamaraty, Banco Central, PUC-RJ e das "lideranças empresariais mais ilustradas", não do partido.
Escreve Eduardo Graeff, o ex-secretário de FHC presidente:
- Não será diferente quando e se botarmos para andar um novo projeto que junte os cacos do sonho que o PT deixou cair.

GUERRAS CULTURAIS

howardstern.com/Reprodução


Junto com a eleição, os EUA vivem "guerras culturais". O fogo começou com o filme "A Paixão de Cristo", de Mel Gibson, criticado meses atrás como anti-semita por Frank Rich, do "New York Times". Reação de Gibson, ao londrino "Daily Telegraph":
- Eu quero matá-lo, quero seus intestinos no espeto.
Rich disse que o diretor ampliou a polêmica de olho na bilheteria e preferiu abrir o foco do conflito. Entrou o debate das uniões homossexuais e, depois, da censura com apoio republicano. Janet Jackson e a CBS foram alvo, mas também Howard Stern, tirado da maior rede de rádio do país. Stern, que se diz um Cristo crucificado em seu site (acima), abriu guerra pessoal contra Bush.

ENDEREÇOS

Globo On Line - oglobo.globo.com/online; "O Estado de S.Paulo" - estado.com.br; "Washington Post" - washingtonpost.com; "USA Today" - usatoday.com; "Valor" -valor.com.br; "Clarín" - clarin.com; Bloomberg - bloomberg.com; "O Globo" -oglobo.globo.com/jornal; E-Agora - e-agora.org.br; "The New York Times" -
nytimes.com; "Daily Telegraph" - dailytelegraph.co.uk


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