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ANGÚSTIA PARLAMENTAR
Deputado estadual baiano Sargento Isidório diz, da tribuna, que procedimento o humilhou
Exame de próstata faz petista "ver estrelas"
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
No dia em que Salvador completou 456 anos e que fortes chuvas provocaram a morte de duas
pessoas na cidade, o deputado
estadual Manoel Isidório de
Santana (PT), 43, ocupou a tribuna da Assembléia Legislativa
da Bahia para fazer um discurso
contra o toque retal, utilizado
em exame de próstata.
No fim da tarde de anteontem,
o deputado, conhecido como
Sargento Isidório, disse que ficou traumatizado com o exame
que havia realizado pela manhã.
"Até agora estou vendo estrelas,
graças à virulência do médico."
Parlamentar folclórico -costuma ir às sessões carregando
um botijão de gás, cujo preço
prometeu baixar se fosse eleito-, Sargento Isidório negou
que seja machista. "Pensava que
era de uma outra maneira. Mas,
da maneira que o médico me
tratou, a maneira que foi introduzido aquele dedo, foi horrível.
Quase que desmaio, não aceito,
saí de lá com o olho cheio de vaga-lume", disse o deputado.
Isidório disse que o exame feito em "pessoas menos esclarecidas" ainda é pior. "Se fazem isso
com um deputado, imagine
com pessoas que não têm esclarecimento, como um sem-terra
ou um desempregado."
Paralelo ao seu discurso, o deputado fez questão de mostrar
com gestos e gritos como foi o
seu exame. "O médico chegou e
foi colocando o dedo. É angustiante para um pai de família,
principalmente com a minha
idade, passar por isso", disse.
O deputado acrescentou que a
medicina tem o dever de encontrar uma outra fórmula para o
exame. "A ciência está aí querendo fazer até gente igual,
criando tudo o que é coisa. Tem
de haver outros métodos."
O deputado Targino Machado
(PMDB), médico, lembrou que
existe outra fórmula para o exame, o PSA (exame de sangue
usado para diagnosticar câncer
de próstata). "Todo homem civilizado, depois dos 40 anos, deveria fazer o exame. Mas, deputado, por melhor que seja, o PSA
não é totalmente eficiente. Temos de fazer o toque retal."
Demonstrando inconformismo com a opinião de Machado,
o petista voltou à tribuna para
dizer que foi "enganado" pelo
médico. "Jamais vou aceitar
uma coisa dessa."
Ao mesmo tempo em que falava e divertia os seus colegas, Isidório ainda foi obrigado a ouvir
piadas. O deputado João Bonfim (sem partido), após o pronunciamento do parlamentar,
perguntou para Isidório se foi
mesmo o dedo que o médico
usou para realizar o exame.
No final, Machado voltou a
defender o exame. "Não posso
aceitar que Vossa Excelência venha a esta tribuna fazer apologia
contrária à prevenção do câncer
de próstata. Eu e os outros homens, se não morrermos de outra enfermidade, seremos acometidos pela doença."
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