São Paulo, terça, 31 de março de 1998

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MST diz ter 56,8 mil famílias mobilizadas em 13 Estados

Sem-terra são acampados, invasores ou cadastrados

da Reportagem Local

As famílias mobilizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra estão ou em acampamentos, ou em fazendas invadidas, ou simplesmente cadastradas nas cidades, podendo engrossar invasões, marchas e manifestações. No total, há cerca de 56,8 mil famílias em 13 Estados.
A maior mobilização neste ano foi feita em Pernambuco, onde 5.300 famílias participaram de 20 invasões desde o último fim-de-semana, segundo a direção do MST de Pernambuco. Só em acampamentos, o MST diz ter 49,8 mil famílias em 13 Estados.
A morte, na última quinta-feira, de dois militantes do MST durante despejo de famílias da fazenda Goiás 2, em Parauapebas (PA), pode acabar se transformando em combustível para novas invasões.
O MST, no entanto, já havia anunciado no seu encontro nacional, realizado em fevereiro em Vitória (ES), que não iria se limitar aos focos de conflito de terra tradicionais. A meta do MST, disse na ocasião Jaime Amorim, da direção nacional do movimento, é acabar com o latifúndio no país.
As áreas irrigadas do Vale do São Francisco, a zona canavieira e cacaueira, no Nordeste, o Triângulo Mineiro, o sul do Espírito Santo, a região canaveira do norte fluminense são as novas prioridades do MST. A avaliação do MST é que essas regiões são dominadas por latifúndios que estão em decadência, tornando-se áreas propícias para a agricultura familiar, já que estão próximas dos grandes centros consumidores e dispõem de boa infra-estrutura.
O MST tem escritórios e direções constituídas em 21 Estados, mas em alguns, como Tocantins, Amazonas, parte do Nordeste e Minas, a principal liderança nas invasões de terra ainda são os sindicatos de trabalhadores rurais. A onda de invasões em Pernambuco e o anúncio da mudança do líder José Rainha Júnior para o Ceará mostram que o MST quer ter, em breve, hegemonia no Nordeste.
Aparentemente, os únicos Estados em que o MST não tem hoje capacidade de mobilização suficiente para intensificar as invasões são Mato Grosso e Goiás. Manoel Messias da Silva, da direção do MST no Mato Grosso, afirmou ontem que as 1.500 famílias que ainda estão acampadas no Estado já conseguiram áreas e aguardam o assentamento definitivo pelo Incra (Instituto de Colonização e Reforma Agrária).
"Não estamos programando ocupações de terras para os próximos meses", afirmou Silva.
Em Minas, o MST ontem fez ontem a primeira ação no sul, região que ainda não figurava no mapa das invasões de terra no país. O alvo foi uma fazenda de 6.000 hectares da usina de açúcar Ariadnópolis, no município de Campo do Meio. Segundo o MST, a escolha da fazenda deve-se ao fato de os proprietários terem dívidas com o fisco estadual.
O MST intensificou suas ações na Bahia, onde em 98 promoveu 13 invasões. A novidade é a entrada no Recôncavo Baiano. Uma fazenda invadida é da Petrobrás.



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