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QUESTÃO AGRÁRIA
MST diz ter mobilizado 20 mil pessoas em ações em 50 municípios do Estado, entre domingo e ontem
Sem-terra invadem 20 fazendas em PE
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife
Cerca de 5.300
famílias de trabalhadores rurais sem terra
invadiram 20
propriedades
rurais em Pernambuco, entre a madrugada de
domingo e a tarde de ontem.
As invasões, coordenadas pelo
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), mobilizaram 20 mil pessoas de 50 municípios, segundo a entidade.
Não houve registro de confronto, mas em duas fazendas os
sem-terra teriam sido expulsos
por homens armados, supostamente contratados pelos donos
das terras.
De acordo com o líder do MST
no Estado, Jaime Amorim, pelo
menos mais três invasões estão
sendo organizadas e deverão ser
efetivadas até o final desta semana.
As ocupações foram planejadas
no início do mês e executadas sob
o comando das lideranças dos oito
núcleos regionais que o movimento mantém em Pernambuco.
Como estratégia, disse Amorim,
a entidade optou por concentrar
maior número de sem-terra em
duas fazendas, a Aracapá, em
Orocó, e a Condic, em Limoeiro.
Em Orocó, disse o líder do MST,
estão acampadas 1.600 famílias e,
em Limoeiro, 1.100. As outras
áreas foram invadidas por grupos
de, no máximo, 300 famílias.
Segundo Amorim, cada invasor
pagou entre R$ 0,50 e R$ 5 pelo
transporte. Para viabilizar a operação, disse, o MST fretou e emprestou ônibus e caminhões.
"Nosso objetivo é mostrar ao
povo que a agricultura está falindo, que a crise se agravou com a
seca e que a reforma agrária precisa ser agilizada", disse Amorim.
O MST pretende reivindicar do
Estado alimento para os acampados e do Incra (Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária) a vistoria das áreas.
Das 20 propriedades invadidas,
informou o líder dos sem-terra,
apenas quatro foram vistoriadas.
O MST considera "improdutivas"
as outras 16 fazendas invadidas.
Procurado ontem pela Agência
Folha, o superintendente do Incra
em Pernambuco, Roosevelt Gonçalves, não foi encontrado para
comentar as invasões e as declarações de Jaime Amorim.
Marcha do Nordeste
Para reforçar suas reivindicações, o MST inicia no próximo dia
13 a "Marcha do Nordeste", versão regional da caminhada nacional dos sem-terra, realizada em 97.
Segundo a entidade, três frentes
estão sendo organizadas, em Natal
(RN), Maceió (AL) e Arcoverde
(PE). Cada grupo percorrerá cerca
de 300 quilômetros até Recife.
A chegada dos trabalhadores rurais está prevista para o dia 17 de
abril, data que marca os dois anos
do confronto entre policiais e
sem-terra em Eldorado do Carajás
(PA), quando 19 sem-terra foram
mortos a tiros.
Na capital pernambucana, os organizadores da marcha esperam
reunir cerca de 15 mil lavradores
em frente à sede da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento
do Nordeste).
No local, o MST vai apresentar
uma pauta de reivindicações, que
incluirá um pedido de liberação de
recursos do Finor (Fundo de Investimentos do Nordeste) para os
assentamentos da região.
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