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QUESTÃO AGRÁRIA
Ministro diz que governo vai agir contra grupo paramilitar de fazendeiros paulistas e contra o MST
Jungmann quer usar PF contra milícias
e da Sucursal de Brasília
O ministro
Raul Jungmann
(Política Fundiária) disse em
São Luís (MA)
que o governo
vai usar o Ministério da Justiça e a Polícia Federal para acabar com a milícia criada por um grupo de fazendeiros
paulistas e coibir invasões de prédios públicos feitas pelo MST.
"Já reportei ao ministro da Justiça, e a Polícia Federal vai tomar as
providências chamando à satisfação quem está promovendo isso,
que é ilegal e inaceitável", afirmou
Jungmann.
Fazendeiros de São Paulo criaram um grupo com cerca de 500
pessoas para combater, sempre
que necessário, as invasões feitas
pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Sobre as declarações do líder do
MST José Rainha Jr., de que os
sem-terra vão intensificar as invasões a prédios públicos, Jungmann afirmou que "os prédios serão evacuados e quem tomará
conta é a Polícia Federal".
Para ele, o último conflito no sul
do Pará, que resultou na morte de
dois líderes do MST na região, é
um problema de "impunidade" e
não de "reforma agrária".
"O que falta é administração da
Justiça e o fim da impunidade,
pondo na cadeia os responsáveis
por aquela violência, o que eu espero que seja feito nas próximas
horas", disse ele, que foi a São Luís
assinar decreto de desapropriação
de seis áreas no Estado, num total
de 13.905 hectares.
A assessoria de Jungmann disse
que os líderes do MST, mortos no
Pará, eram com-terra. Tinham sido assentados no projeto Palmares e haviam recebido R$ 6.523 em
créditos de reforma agrária.
Apesar das declarações de Jungmann, o ministro Iris Rezende
(Justiça) negou o uso imediato da
PF. "Vamos solicitar explicações
dos possíveis organizadores", disse Rezende, que considera crime a
formação de milícias particulares.
"Não iremos envolver a Polícia
Federal por enquanto."
Para o ministro, a ameaça do
MST de mobilizar 56,8 mil famílias para promover novas invasões
não serve de argumento para a
contratação de milícias.
"É uma função exclusiva do poder público garantir a Justiça. Isso
é uma intromissão indevida da
iniciativa privada nas decisões do
Estado", disse Rezende.
O presidente do Incra (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Milton Seligman,
afirmou que está preocupado com
a radicalização de sem-terra e fazendeiros.
"Do jeito que estão atuando,
transformaram-se em matrizes de
violência e podem vir a colocar em
risco as regras democráticas",
afirmou.
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