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Sem-Terra ameaçam invadir mais três fazendas no sul do PA
LUÍS INDRIUNAS
da Agência Folha, em Parauapebas
O MST decidiu ontem invadir
mais três fazendas no sul do Pará,
próximas ao assentamento 17 de
Abril, local do massacre de Eldorado do Carajás, onde 19 sem-terra foram mortos em abril de 96.
No assentamento, que fica no
caminho das fazendas, os sem-terra diziam ontem se preparar para a
invasão ainda na madrugada de
hoje.
Atualmente vivem no assentamento (antiga fazenda Macaxeira)
690 famílias, em 18.089 hectares.
Segundo o MST, caminhões com
trabalhadores rurais sem terra teriam saído do assentamento Palmares, a 80 km do 17 de Abril. Até
as 17h30, nenhuma caminhão havia chegado.
As três fazendas que podem ser
invadidas -Volta do Rio, Aldeia
Velha e São José- têm cerca de
8.000 hectares.
O Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária),
os sem-terra e os proprietários já
haviam se reunido para tentar negociar as áreas, mas não houve
acordo.
Anteontem, às 18h, o MST voltou a invadir a fazenda Goiás 2. Na
última quinta-feira, os líderes
Onalício Barros e Valentin Serra
foram mortos a tiros após a desocupação da área.
Ontem à tarde, cerca de 250 pessoas ocupavam as duas casas de
madeira da Goiás 2. O clima era
calmo.
Alguns esperavam os parentes
que vinham de outros assentamentos. Nenhum representante
da fazenda havia aparecido no local durante todo o dia.
A decisão de invadir mais três fazendas foi tomada ontem com a
presença do coordenador nacional do MST, Gilmar Mauro. "Vamos tomar o que é de nosso direito", afirmou Mauro.
Investigações
A polícia continua investigando
o assassinato dos dois líderes. Segundo o delegado Lauriston Goes,
da Divisão de Operações Especiais, uma bala foi encontrada no
corpo de Serra, mas ainda não foi
feito o exame de balística, já que a
arma está desaparecida.
Ontem, o delegado enviou sua
equipe para o quartel de Xinguara,
onde estão presos, por indisciplina, 11 policiais.
Eles teriam acompanhado os oficiais de Justiça que levaram a determinação de reintegração de
posse da fazenda Goiás 2. Segundo
a PM, os policiais não tinham ordem do Comando Geral da PM.
Hoje, Goes deve interrogar os
oficiais de Justiça José Eduardo
Ferreira do Vale e Edson Rodrigues Guimarães.
Nove fazendeiros, com prisão
temporária decretada, estão sendo
procurados pela polícia, mas continuam foragidos.
Ontem, os sem-terra fizeram
uma manifestação acendendo velas em frente ao fórum de Parauapebas. Eles também rezaram pela
morte dos dois líderes.
Os sem-terra entregaram também ao promotor de Justiça Godofredo Santos as chaves de dois
caminhões, que pertencem ao fazendeiro Carlos Antonio da Silva,
proprietário da fazenda Goiás 2.
Os caminhões haviam sido
apreendidos pelo MST , depois da
morte a tiros dos líderes.
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