São Paulo, terça, 31 de março de 1998

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MST vai à Justiça contra fazendeiros

da Agência Folha, em Presidente Prudente

O MST está reunindo documentos para entrar com ações na Justiça contra fazendeiros e policiais do Pará, disse o líder dos sem-terra Gilmar Mauro, 30, que deixou Parauapebas (PA) ontem à tarde.
"É preciso que haja uma intervenção do governo federal aqui. Os fazendeiros e policiais formaram um grupo paramilitar em Parauapebas", afirmou. Mauro avalia que há risco de mais violência.
Segundo ele, os sem-terra estão revoltados e o clima é tenso nas cidades do sul do Pará. "A Justiça não chegou aqui. A impunidade é um estímulo para o assassino. Os crimes vão continuar", disse.
Só a desapropriação das fazendas invadidas pelos sem-terra, segundo a avaliação de Mauro, pode evitar novos confrontos.
O assassinato dos líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), de acordo com Mauro, provocou revolta entre os trabalhadores rurais sem terra, mas não vão acontecer retaliações por parte dos trabalhadores.
"O pessoal vai ocupar fazendas disposto a ficar nelas de qualquer jeito." Segundo ele, os sem-terra estão se organizando para tentar evitar novas mortes no Pará.
O líder do MST voltaria a São Paulo ontem para organizar os protestos pelos dois anos do massacre de Eldorado do Carajás, no próximo dia 17.
Nesse dia, devem acontecer manifestações pela reforma agrária e contra a violência no campo em todo o país, na Europa e na Índia.
Amanhã, o MST se reúne com o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para discutir a liberação de verbas para os assentados.
Duas testemunhas dos assassinatos de Valentin Serra e Onalício Barros, líderes do MST mortos na semana passada, devem ir hoje a Brasília (DF). A pedido do deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), as testemunhas vão falar sobre os crimes na Câmara.
(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO)


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