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HABITAÇÃO
Para comissão, houve superfaturamento
Sindicância vê rregularidade na CDHU
EMANUEL NERI
da Reportagem Local
Comissão da Secretaria da Habitação de São Paulo que investigou
suspeita de irregularidade na
compra de terrenos de empreiteiras pela CDHU (Companhia de
Desenvolvimento Habitacional e
Urbano) concluiu que esses imóveis estão "superfaturados".
Os terrenos destinam-se a casas
populares. Segundo relatório da
comissão, presidida pelo procurador do Estado Ricardo Gomes
Corrêa, a CDHU "cometeu uma
grave improbidade, que teve como consequência o repasse para
as empresas construtoras de valores exorbitantes e indevidos".
Levantamento feito pela Folha
em 97 constatou que, em pelo menos 13 terrenos comprados por
empreiteiras e repassados à
CDHU, o valor supostamente superfaturado foi de R$ 10,1 milhões.
A diferença pode ser bem maior,
pois o sistema envolve 83 projetos
no valor total de R$ 300 milhões.
O primeiro caso revelado pelo
jornal ocorreu em Garça (423 km
a noroeste de São Paulo). Um terreno foi comprado por R$ 200 mil
e repassado 11 dias depois à CDHU
por R$ 761,7 mil. Há casos de sobrevalorização de até 1.955%.
Os terrenos foram comprados
para a construção de habitações
pelo programa "Chamamento
Empresarial". Faz parte do plano
habitacional do governo Mário
Covas (PSDB), que pretende entregar 120 mil casas populares até
o final de sua administração.
O caso também está sendo investigado pelo Ministério Público.
No início deste mês, o procurador
Nilo Spinola entrou com ação civil
pública na Justiça pedindo o bloqueio de bens de Hama, amigo e
homem de confiança de Covas.
A CDHU está subordinada hierarquicamente à Secretaria da Habitação, que fez a investigação.
Em seu relatório, o procurador
coloca sob suspeição os valores de
referência usados pela CDHU para
avaliar os preços dos terrenos.
O procurador analisou 51 conjuntos habitacionais. O valor de
referência da CDHU para os terrenos era de R$ 47,1 milhões.
Mas o valor oferecido pelas empreiteiras na compra dos imóveis
foi de R$ 19,7 milhões -diferença
de 138% sobre o preço previsto.
"Isso coloca sob grave suspeita o
modelo de cálculo estatístico adotado para obtenção de tais valores", afirma o procurador.
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