São Paulo, quinta-feira, 31 de maio de 2001

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TROMBONE FINAL

ACM critica medidas que sempre apoiou

Ex-senador faz acusações à política econômica; antes, pefelista chegou a sugerir candidatura de Malan a presidente

ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em seu último discurso no Senado, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) foi especialmente duro com a política econômica de FHC, chegando a dizer que o país caminha para se tornar "economicamente inviável". Até bem pouco tempo, porém, quando ainda era aliado do presidente, ACM deu sustentação à mesma política que agora critica e não raro elogiava seu condutor, o ministro Pedro Malan (Fazenda).
Em sua fala, o ex-senador citou principalmente os dois pontos vulneráveis da economia que mais preocupam os investidores: o crescimento da dívida pública e do passivo externo.
Procurando dar um tom grave à situação atual, o ex-senador disse que "a dívida interna e sobretudo agora a externa se multiplicam de maneira a tornar, dentro de pouco tempo, o país economicamente inviável". "É uma bomba de efeito retardado, sobretudo para o próximo governo."
Citando dados do Banco Central, o ex-senador disse que a dívida de União, Estados, municípios, estatais pulou de 28,2% para 50,1% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas pelo país) entre dezembro de 1994 e março passado.
É uma preocupação legítima: os investidores sempre lembram que, caso a tendência se mantenha, o governo ficará sem dinheiro para honrar sua dívida.
Mas, durante todo o período em que se manteve como aliado de FHC, ACM sempre se colocou contra o grupo dentro do governo que criticava a política econômica. O ex-senador tinha restrições ao ministro José Serra (Saúde), que sempre criticou a política de juros de Malan e do ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco. O ex-senador chegou inclusive a defender a candidatura de Malan à Presidência pelo PFL.
A dívida também cresceu em virtude do socorro aos Estados e seus bancos -em março passado, o débito dos Estados estava em R$ 174 bilhões, contra R$ 49 bilhões em 1994. O Senado aprovou cada uma das operações, e os bancos da Bahia receberam injeção de R$ 1,6 bilhão.
O Proer (programa de socorro a bancos privado) gastou cerca de R$ 20 bilhões. Em 1995, ACM comandou uma marcha na Praça dos Três Poderes reivindicando uma solução para o Econômico.
O outro dado citado pelo ex-senador é o chamado passivo externo líquido, que passou de US$ 205 bilhões para US$ 399 bilhões após FHC assumir a presidência.
O passivo externo líquido é a soma dos capitais estrangeiros aplicados no país, descontado o que os brasileiros aplicam no exterior. A explosão do passivo preocupa porque, cada vez mais, o país terá que levantar dólares para pagar juros, lucros e dividendos. O alto passivo externo é uma das razões para o Brasil ter sido atingido pela atual crise internacional.


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