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TROMBONE FINAL
ACM critica medidas que sempre apoiou
Ex-senador faz acusações à política econômica; antes, pefelista chegou a sugerir candidatura de Malan a presidente
ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em seu último discurso no Senado, Antônio Carlos Magalhães
(PFL-BA) foi especialmente duro
com a política econômica de
FHC, chegando a dizer que o país
caminha para se tornar "economicamente inviável". Até bem
pouco tempo, porém, quando
ainda era aliado do presidente,
ACM deu sustentação à mesma
política que agora critica e não raro elogiava seu condutor, o ministro Pedro Malan (Fazenda).
Em sua fala, o ex-senador citou
principalmente os dois pontos
vulneráveis da economia que
mais preocupam os investidores:
o crescimento da dívida pública e
do passivo externo.
Procurando dar um tom grave à
situação atual, o ex-senador disse
que "a dívida interna e sobretudo
agora a externa se multiplicam de
maneira a tornar, dentro de pouco tempo, o país economicamente inviável". "É uma bomba de
efeito retardado, sobretudo para o
próximo governo."
Citando dados do Banco Central, o ex-senador disse que a dívida de União, Estados, municípios,
estatais pulou de 28,2% para
50,1% do PIB (Produto Interno
Bruto, soma das riquezas produzidas pelo país) entre dezembro
de 1994 e março passado.
É uma preocupação legítima: os
investidores sempre lembram
que, caso a tendência se mantenha, o governo ficará sem dinheiro para honrar sua dívida.
Mas, durante todo o período em
que se manteve como aliado de
FHC, ACM sempre se colocou
contra o grupo dentro do governo
que criticava a política econômica. O ex-senador tinha restrições
ao ministro José Serra (Saúde),
que sempre criticou a política de
juros de Malan e do ex-presidente
do Banco Central Gustavo Franco. O ex-senador chegou inclusive
a defender a candidatura de Malan à Presidência pelo PFL.
A dívida também cresceu em
virtude do socorro aos Estados e
seus bancos -em março passado, o débito dos Estados estava
em R$ 174 bilhões, contra R$ 49
bilhões em 1994. O Senado aprovou cada uma das operações, e os
bancos da Bahia receberam injeção de R$ 1,6 bilhão.
O Proer (programa de socorro a
bancos privado) gastou cerca de
R$ 20 bilhões. Em 1995, ACM comandou uma marcha na Praça
dos Três Poderes reivindicando
uma solução para o Econômico.
O outro dado citado pelo ex-senador é o chamado passivo externo líquido, que passou de US$ 205
bilhões para US$ 399 bilhões após
FHC assumir a presidência.
O passivo externo líquido é a soma dos capitais estrangeiros aplicados no país, descontado o que
os brasileiros aplicam no exterior.
A explosão do passivo preocupa
porque, cada vez mais, o país terá
que levantar dólares para pagar
juros, lucros e dividendos. O alto
passivo externo é uma das razões
para o Brasil ter sido atingido pela
atual crise internacional.
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