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TROMBONE FINAL
Pefelista se aliou a todos os governos
Trajetória política de Antonio Carlos Magalhães contou com indicações por parte de militares; baiano defendeu Collor até o fim
DO BANCO DE DADOS
DA REDAÇÃO
Presença constante na cena política brasileira nas últimas quatro
décadas, Antonio Carlos Magalhães construiu uma imagem de
aliado de governos dos mais variados matizes ideológicos, do regime militar pós-64 à era tucana
de Fernando Henrique Cardoso,
passando pela Presidência de Fernando Collor de Mello.
É formado em medicina, como
seu pai, mas encontrou na política
a sua profissão. Nascido em Salvador (BA), em 4 de setembro de
1927, ACM iniciou sua vida política como presidente do grêmio do
Ginásio da Bahia. Na universidade, foi presidente do Diretório
Central de Estudantes.
Foi também redator de debates
da Assembléia Legislativa da Bahia e redator do jornal "Estado da
Bahia" (dos "Diários Associados"). Em 1979, começou a circular o "Correio da Bahia", jornal de
sua propriedade. Suas empresas
de comunicação incluem a TV
Bahia, afiliada à Rede Globo.
ACM foi ainda professor-assistente e, depois, professor-adjunto
da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal da Bahia.
Integrou a Academia de Letras
da Bahia, mas a abandonou em
1998, dizendo-se revoltado com a
entrada de um jornalista, seu desafeto, na entidade.
Em 1954, foi eleito deputado estadual pela UDN (União Democrática Nacional). Quatro anos
depois, começou a alcançar projeção nacional quando se elegeu,
ainda pela UDN, deputado federal, cargo para o qual foi reeleito
duas vezes, em 1962 e 1966.
O círculo de amigos que fez nesses primeiros anos de vida pública
levou à sua nomeação como prefeito de Salvador pelo então governador da Bahia, Luís Viana Filho, durante o governo militar.
Para ocupar a prefeitura, licenciou-se da Câmara em janeiro de
1967. Na ocasião, ACM já estava
filiado à Arena (Aliança Renovadora Nacional), partido que dava
sustentação aos militares e que fora criado no ano anterior.
Ao fim do mandato de prefeito,
em 1970, reassumiu seu papel de
deputado federal, cargo que exerceria por menos de um ano, já
que, em 1971, foi indicado pelo
presidente Emílio Garrastazu Médici para governar a Bahia.
Durante o mandato de governador, entre 1971 e 1975, ACM iniciaria a consolidação da Bahia como pólo turístico, com a implantação de hotéis e a construção de
estradas e museus em Salvador e
Porto Seguro (litoral da Bahia).
Em 1975, o presidente Ernesto
Geisel nomeou o baiano presidente da Eletrobrás e membro do
Conselho de Administração da
Itaipu Binacional.
Esse afastamento do primeiro
plano da vida pública duraria até
1979, quando teve início o seu segundo mandato como governador da Bahia, novamente indicado pelo governo militar.
Com o fim do bipartidarismo,
ACM filiou-se ao PDS (Partido
Democrático Social) e, em 1982,
elegeu seu sucessor, João Durval
Carneiro, com quem romperia
tempos mais tarde.
Em 1984, com o aumento da
pressão da população pela redemocratização do país, ACM opôs-se a candidatura à Presidência da
República de Paulo Maluf, do
PDS, e declarou apoio a Tancredo
Neves. Mais tarde, deixou o PDS e
se filiou ao PFL (Partido da Frente
Liberal), no qual está até hoje.
Concessões de TV
Com a morte de Tancredo e a
posse de José Sarney, em 1985, assumiu o Ministério das Comunicações, nele permanecendo até
março de 1990. Sua gestão foi
marcada por várias denúncias de
distribuição de concessões de rádio e TV em troca de apoio aos interesses do governo, em especial à
aprovação do mandato de cinco
anos para José Sarney.
Em 1986, Antonio Carlos Magalhães enfrentou uma de suas raras
derrotas políticas, com a eleição
de Waldir Pires (PMDB) para o
governo da Bahia, em detrimento
de seu aliado Josaphat Marinho.
Ao deixar o Ministério das Comunicações, assumiu em março
de 1991, pela terceira vez, o governo da Bahia, do qual saiu para assumir o cargo de senador da República, em 1994.
Três anos depois, foi eleito presidente do Senado e, como tal,
continuaria angariando opositores, graças ao seu estilo temperamental e centralizador.
Sua saída da presidência do Senado, em fevereiro de 2001, impôs-lhe uma das suas piores derrotas políticas, com a eleição do
senador Jader Barbalho (PMDB-PA) para sucedê-lo.
Sua reação ao que considerou
uma traição por parte do presidente Fernando Henrique foi
uma série de acusações contra o
governo, que custaram ao então
senador a demissão dos dois ministros indicados por ele, Rodolpho Tourinho (Minas e Energia) e
Waldeck Ornélas (Previdência).
A partir de então, uma série de erros estratégicos levou à derrocada
política de ACM, que culminou
em sua renúncia.
Para muitos, sua decadência política começou em abril de 1998,
quando ACM viveu um de seus
maiores dramas pessoais: a morte
de seu filho Luís Eduardo Magalhães, escolhido por ele como seu
sucessor político, vítima de infarto, aos 43 anos. Foi o segundo dos
quatro filhos de ACM que morreu. Ana Lúcia Magalhães, sua filha, que era diretora do "Correio
da Bahia", suicidou-se aos 28
anos, cerca de dez anos antes da
morte do irmão.
Luís Eduardo costumava dizer
que o risco que seu pai corria era o
de tentar fazer política em Brasília
como sempre fez na Bahia. Ou seja: mandando em tudo e todos.
A trajetória de ACM desde então, da troca de acusações com Jader Barbalho à "indiscrição" cometida durante a conversa com os
procuradores da República
-quando falou que conhecia os
votos da sessão que cassou o
mandato de Luiz Estevão
(PMDB-DF), iniciando todo o
processo que levou à investigação
do painel do Senado-, mostra
que o filho de ACM estava certo.
Em 1989, ACM sofreu um infarto. Operado pelo cardiologista
Adib Jatene, recebeu duas pontes
de safena e duas mamárias. Em
1991, foi operado para a retirada
de cálculos renais. Em março de
2001 passou por exames em razão
de problemas pulmonares.
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