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"Vou descansar", diz pefelista após discurso
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
"Vou descansar. Tenho um sentimento de liberdade. Eu não estava sendo eu mesmo, agora voltei a
ser." Dita a última frase, às 19h30,
o ex-senador Antonio Carlos Magalhães entrou no carro -sem
chapa oficial- e voltou a seu
apartamento -ainda funcional- para jantar com o filho Júnior, que assume hoje a vaga deixada por ACM no Senado, dois
netos e amigos de longa data, como o dono do colégio Objetivo,
João Carlos Di Gênio.
Em seu último dia como senador pelo PFL da Bahia, ACM experimentou a excitação de um vereador em primeira campanha
-ao comentar o retorno à terra
natal-, a tristeza pela perda do
mandato no Senado e a preocupação com o fim da imunidade
parlamentar.
Feito o discurso, uma comitiva
de 150 prefeitos baianos, liderada
pelo governador do Estado, César
Borges, esperava o ex-senador no
gabinete. Na presença desse público, ACM reafirmou que o presidente Fernando Henrique Cardoso conheceu o conteúdo da lista com os votos da cassação de
Luiz Estevão. "Ele [FHC" comentou comigo e com o [José Roberto" Arruda os nomes da lista. Isso
ele não vai negar. Mas ele não tem
responsabilidade nisso.'
As homenagens pós-renúncia
foram três salvas de palma, dois
ramalhetes de flores e abraços de
autoridades e assessores.
Duas horas depois, com o quórum do gabinete mais baixo,
ACM fez sua primeira reunião
com os advogados para discutir
providências com a Justiça.
Mais urgente, no entanto, era
preparar a mala para viajar hoje
de volta à Bahia. A expectativa de
ser recebido por uma legião de taxistas no aeroporto Luís Eduardo
Magalhães fez ACM experimentar, de véspera, a sensação de começar de novo.
O jingle da festa é do publicitário Nizan Guanaes: "Volta, cabeça
branca, para a Bahia, volta, que a
Bahia está te esperando. Volta para o nosso coração."
Na manhã de ontem, o pefelista
só queria falar da Bahia. Recusou-se a mudar uma vírgula que fosse
no discurso -não abriu exceção
nem mesmo para o nome da mãe
do senador José Sarney (PMDB-AP), dona Quiola, cuja grafia estava errada no texto distribuído. O
correto é Quyola.
O escritor Fernando Moraes,
que passou o dia com ACM e viaja
com ele hoje para Salvador, registrou tudo para a biografia do pefelista na qual está trabalhando há
quase cinco anos.
Durante a manhã de conversas
e telefonemas de solidariedade, a
lembrança do procurador Luiz
Francisco de Souza, pivô do infortúnio de ACM. ""É um absurdo",
comentou o pefelista, sobre o desafio que lhe foi feito pelo procurador de assinar o requerimento
da CPI da corrupção no Senado.
Aliados
O clima provocado pela renúncia de ACM entre seus aliados na
Bahia e no Congresso foi um misto de velório com início de campanha eleitoral. Lágrimas e silêncio de pesar se misturaram com
frases de apoio de campanha, fotografias e pedidos de autógrafo.
Após o discurso de renúncia,
uma fila se formou próximo ao
gabinete do ex-senador para
cumprimentos. Os correligionários de ACM cantavam o Hino do
Senhor do Bonfim e a canção usada na campanha que o elegeu.
A deputada estadual Eliana
Boaventura (PPB), empolgada,
lançou ACM para o lugar de FHC.
"Vamos devolver ACM [para Brasília" como presidente".
FHC era um dos alvos dos carlistas. "Fernando Henrique é um
covarde", disse a deputada estadual Sônia Fontes (PFL).
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