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Clima de velório deprime carlistas
DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um misto de velório com início
de campanha eleitoral. Esse foi o
clima provocado pela renúncia do
ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) entre seus aliados na Bahia e no Congresso. Lágrimas e silêncio de pesar se misturaram com frases de apoio de
campanha, fotografias e pedidos
de autógrafo. Desta vez, não houve manifestação de cara-pintadas.
Após o discurso de renúncia,
uma fila se formou próximo ao
gabinete do ex-senador para
cumprimentos. Uma hora e 26
minutos mais cedo, também uma
fila formada por deputados estaduais da Bahia e prefeitos do Estado foi formada para recepcionar
ACM na entrada do Congresso.
Mais barulhenta, a fila na chegada de ACM ao Senado era de exaltação. Os correligionários do senador cantavam o Hino do Senhor do Bonfim e a canção usada
na campanha que o elegeu. A frase mais gritada, porém, era "um,
dois, três, ACM é nosso rei".
A deputada estadual Eliana
Boaventura (PPB), empolgada,
lançou ACM para o lugar do presidente Fernando Henrique Cardoso. "Vamos devolver ACM [para Brasília" como presidente".
FHC era um dos alvos dos carlistas. "Fernando Henrique é um
covarde. Ele está assinando o seu
calvário com a pressão para que
ACM renuncie", afirmou a deputada estadual Sônia Fontes (PFL).
Os prefeitos disseram que somavam 200 ou, em outra medida,
4 milhões de votos. Misturados
com deputados federais e amigos
do senador, a fila foi aumentada
às 16h16, após a renúncia.
Nos primeiros 54 minutos da
chegada de ACM ao seu gabinete
após ter deixado o plenário, pelo
menos 240 pessoas foram cumprimentá-lo. Para evitar congestionamentos no corredor, seguranças formaram duas filas, uma
para entrar e outra para sair.
"Parabéns, sua dignidade nos
acompanha", "Santa Rita não lhe
faltará", foram algumas das frases
ditas pelos correligionários de
ACM. Alguns chegavam com papel pedindo autógrafos.
Os primeiros, no entanto, a estarem com o senador após a renúncia foram os pefelistas. "O fato é tão triste que não merece comentários", disse o presidente do
PFL, senador Jorge Bornhausen
(SC), ao deixar o gabinete.
O líder do PFL no Senado, Hugo
Napoleão (PI), defendeu o discurso de ACM. "Foi inteiramente
adequado". O senador Agripino
Maia (RN), vice-presidente do
partido, disse que ACM seria mais
ácido no discurso, mas considerou os pedidos feitos por amigos.
"O discurso foi a cara dele
[ACM". O que se podia esperar
depois do calvário longo pelo qual
passou? Palavras amáveis para
seus algozes?", disse Agripino.
O filho de ACM, que toma posse
hoje em sua vaga, assistiu ao discurso no plenário já sentado na
cadeira de senador. Antonio Carlos Magalhães Júnior (PFL-BA)
chorou quando o pai citou o deputado Luís Eduardo Magalhães,
seu filho morto em abril de 1998.
Além de ACM Júnior, também
choraram os netos de ACM, Antonio Carlos Magalhães Neto e
Luís Eduardo Magalhães Filho, e
os deputados Cláudio Cajado
(PFL-BA) e Paulo Magalhães
(PFL-BA), sobrinho de ACM.
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