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MINAS GERAIS
Governador alega que Estado terá prejuízos com crise energética
Itamar ameaça decretar nova moratória da dívida
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O governador de Minas Gerais,
Itamar Franco (PMDB), afirmou
ontem que anuncia na terça-feira
se vai determinar novamente a
suspensão do pagamento da dívida que o Estado tem com a União,
a exemplo do que ocorreu em janeiro de 1999.
Pré-candidato do PMDB à Presidência da República, Itamar argumenta que Minas Gerais vai
perder arrecadação com a crise
energética -que, diz, é resultante
da "imprevidência do governo federal"- e, consequentemente,
não poderá arcar com os cerca de
R$ 120 milhões mensais que paga
atualmente à União.
"O governo federal está sugando o Estado. Por que só Minas grita? Porque aprendeu a gritar, e vamos gritar até o fim", disse.
O governador se reuniu nos últimos dias com sua equipe econômica e disse ter constatado que a
"situação financeira do Estado é
complicada".
Argumentos
Baseado no que recebeu dos assessores, ele usou argumentos utilizados em 1999, quando suspendeu pagamentos, para justificar a
nova ameaça de moratória. Entre
outras coisas, Itamar disse que
tem prioridades a fazer com o dinheiro do Estado e que não pode
suspender o pagamento do funcionalismo, da polícia, ou deixar
"os presos sem comida".
Quando decretou a moratória
de 1999, atitude repercutiu no
mercado externo por apontar insolvência brasileira, Itamar criticava o antecessor, Eduardo Azeredo (PSDB), entre outras coisas,
porque ele não teria deixado dinheiro em caixa nem para comprar comida para os detentos.
Minas Gerais voltou a pagar sua
dívida com a União em fevereiro
do ano passado, depois de ter sofrido várias retaliações do governo federal. A dívida, segundo a
Secretaria da Fazenda, estava em
torno de R$ 26 bilhões em dezembro e está parcelada em 30 anos.
Os cerca de R$ 120 milhões que o
Estado paga mensalmente cobrem apenas parte dos juros.
O ex-presidente afirmou ainda
que vai tentar antes dialogar "administrativamente" com o governo federal, mas já afirma, de antemão, que não acredita no sucesso
do "diálogo": "Eles não aceitam
minhas ponderações administrativas. Isso não adiantou [em 1999"
porque o doutor [Pedro" Malan
[ministro da Fazenda" não entende essa linguagem. Se eles não
aceitarem conversar administrativamente, teremos que utilizar
(...) Isso direi na terça-feira", disse, encerrando a entrevista.
O anúncio da terça será feito
juntamente com o do plano nacional que está sendo preparado
por seu governo para enfrentar a
crise de energia entre os anos de
2002 e 2004. "Vou deixar as críticas para apresentar as soluções",
disse o governador, na semana
passada. Ele negou, contudo, que
a atitude tenha objetivo eleitoral.
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