São Paulo, quinta-feira, 31 de maio de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MINAS GERAIS

Governador alega que Estado terá prejuízos com crise energética

Itamar ameaça decretar nova moratória da dívida

RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), afirmou ontem que anuncia na terça-feira se vai determinar novamente a suspensão do pagamento da dívida que o Estado tem com a União, a exemplo do que ocorreu em janeiro de 1999.
Pré-candidato do PMDB à Presidência da República, Itamar argumenta que Minas Gerais vai perder arrecadação com a crise energética -que, diz, é resultante da "imprevidência do governo federal"- e, consequentemente, não poderá arcar com os cerca de R$ 120 milhões mensais que paga atualmente à União.
"O governo federal está sugando o Estado. Por que só Minas grita? Porque aprendeu a gritar, e vamos gritar até o fim", disse.
O governador se reuniu nos últimos dias com sua equipe econômica e disse ter constatado que a "situação financeira do Estado é complicada".

Argumentos
Baseado no que recebeu dos assessores, ele usou argumentos utilizados em 1999, quando suspendeu pagamentos, para justificar a nova ameaça de moratória. Entre outras coisas, Itamar disse que tem prioridades a fazer com o dinheiro do Estado e que não pode suspender o pagamento do funcionalismo, da polícia, ou deixar "os presos sem comida".
Quando decretou a moratória de 1999, atitude repercutiu no mercado externo por apontar insolvência brasileira, Itamar criticava o antecessor, Eduardo Azeredo (PSDB), entre outras coisas, porque ele não teria deixado dinheiro em caixa nem para comprar comida para os detentos.
Minas Gerais voltou a pagar sua dívida com a União em fevereiro do ano passado, depois de ter sofrido várias retaliações do governo federal. A dívida, segundo a Secretaria da Fazenda, estava em torno de R$ 26 bilhões em dezembro e está parcelada em 30 anos. Os cerca de R$ 120 milhões que o Estado paga mensalmente cobrem apenas parte dos juros.
O ex-presidente afirmou ainda que vai tentar antes dialogar "administrativamente" com o governo federal, mas já afirma, de antemão, que não acredita no sucesso do "diálogo": "Eles não aceitam minhas ponderações administrativas. Isso não adiantou [em 1999" porque o doutor [Pedro" Malan [ministro da Fazenda" não entende essa linguagem. Se eles não aceitarem conversar administrativamente, teremos que utilizar (...) Isso direi na terça-feira", disse, encerrando a entrevista.
O anúncio da terça será feito juntamente com o do plano nacional que está sendo preparado por seu governo para enfrentar a crise de energia entre os anos de 2002 e 2004. "Vou deixar as críticas para apresentar as soluções", disse o governador, na semana passada. Ele negou, contudo, que a atitude tenha objetivo eleitoral.


Texto Anterior: Tribunal: Ex-presidente do BC terá que pagar multa por ato que facilitou evasão
Próximo Texto: Esqueleto do BC: Depoentes não esclarecem socorro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.