|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JUDICIÁRIO
Magistrados do tribunal contrataram 44 parentes para cargos de confiança, incluindo filhos, noras e sobrinhos, aponta entidade
TJ do Amazonas tem nepotismo, diz OAB
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
A OAB (Ordem dos Advogados
do Brasil) do Amazonas denunciou ontem a existência de nepotismo no TJ (Tribunal de Justiça)
do Estado e vai enviar a denúncia
para que o Ministério Público Federal investigue.
De acordo com a denúncia, 16
magistrados do Tribunal de Justiça, entre eles 11 desembargadores,
contrataram parentes para cargos
de confiança. Seriam 44 parentes,
entre filhos, noras, genros, sobrinhos, enteadas e pai. Todos são
contratados para cargos comissionados com salários que variam
de R$ 3.500 a R$ 5.000.
A prática do nepotismo é uma
afronta à Constituição, disse o
presidente da OAB-AM, Oldeney
Sá Valente, que divulgou a lista
com os nomes dos parentes.
"O Ministério Público precisa
investigar, por tratar-se de uma
situação escandalosa e que demonstra, efetivamente, que está
instalado o nepotismo no tribunal
do Amazonas", afirmou.
"A Constituição estabelece a
contratação de servidor com
aprovação prévia de concurso público", afirma Sá Valente. "As
funções de confiança deverão ser
preenchidas por servidor público
com carreira. Esses parentes ingressaram por concurso público?
É necessário atenuar a situação
para resgatar a moralidade administrativa do Poder Judiciário do
Estado do Amazonas", afirma.
Sem concurso
A Agência Folha apurou que,
dos 44 parentes, apenas sete pertencem ao quadro efetivo do tribunal, portanto ingressaram por concurso público. Tramita desde
abril no Ministério Público Federal uma representação do advogado Abdalla Sahdo contra o nepotismo no Amazonas.
Segundo o advogado, sua representação pede o ajuizamento de
ação de improbidade administrativa e por crime de prevaricação.
O advogado disse que a lei que
criou as carreiras dos servidores
do Judiciário proíbe a nomeação
ou designação de parentes até o
terceiro grau. "É preciso acabar de
uma vez por todas com essa forma de aumentar a renda familiar
dos magistrados, que têm na impunidade um grande aliado."
Os parentes dos magistrados foram contratados em sua maioria
para cargos de chefia dos juizados
especiais -criados para agilizar o
Judiciário e facilitar o acesso das
camadas menos favorecidas da
sociedade.
Só o presidente do Tribunal de
Justiça do Amazonas, desembargador Djalma Martins da Costa
-nomeado pelo governador
Amazonino Mendes (PFL-AM)
há dois anos- tem contratados o
filho, dois cunhados, a nora, a irmã da nora, o pai da nora e uma
sobrinha. Em sua gestão, que se
iniciou em julho de 2000 e termina em julho deste ano, ocorreu a
contratação de 16 parentes de desembargadores.
A corregedora-geral de Justiça,
desembargadora Marinildes Costeira de Mendonça Lima, tem sete
parentes contratados: o marido,
filho, duas irmãs, dois cunhados e
a noiva do filho.
Texto Anterior: No Ar - Nelson de Sá: Agora, o Brasil? Próximo Texto: Frase Índice
|