São Paulo, terça-feira, 31 de maio de 2005

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GOVERNO SOB PRESSÃO

Segundo o órgão, há problemas em quase todas as áreas da empresa, e mais 20 auditores vão trabalhar no caso; ECT não comenta

CGU vê indício de irregularidade nos Correios

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CGU (Controladoria Geral da União) detectou indícios de irregularidades generalizadas nos Correios, informou ontem o subcontrolador-geral da União, Jorge Hage. Segundo ele, há suspeita de irregularidades na compra de cofres, medicamentos, uniformes e na chamada Rede Postal Noturna.
No caso da compra de 1,5 mil cofres, um contrato na casa dos R$ 8 milhões, investiga-se a autorização para a entrega, pelo fornecedor, de unidades em padrão diferente do licitado. A permissão para o fornecimento dos cofres, mesmo fora da especificação, teria sido feita mediante a promessa de um desconto no preço, o que não teria se confirmado depois.
Diante dos primeiros indícios, a CGU mais do que triplicou o número de auditores encarregados de rastrear contratos, licitações e editais na ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos).
Na semana retrasada, a CGU havia indicado oito auditores para investigar denúncias nos Correios. Depois de uma primeira pesquisa em 600 contratos celebrados pela estatal, a Controladoria aumentou a equipe, com a indicação de mais 20 auditores.
"Foram detectados os primeiros indícios de fragilidades e irregularidades em praticamente todas as áreas da empresa", adiantou Jorge Hage. Hage disse que os trabalhos da CGU contam ainda com um volume crescente de denúncias apresentadas por funcionários da empresa: "Há muita indignação lá dentro, o que ajuda". Ele disse que o resultado final da auditoria não deve sair antes de meados de julho, conforme o prazo fixado pelo ministro Waldir Pires (Controle e Transparência).
Ontem, a direção da ECT não quis se manifestar sobre as declarações do subcontrolador. A empresa disse apenas que está pronta a colaborar com as investigações da Polícia Federal e da CGU.
Além do grupo dedicado à auditoria especial, a CGU tem mais três analistas acompanhando a sindicância aberta pelos Correios, que tem até 16 de junho para exibir resultados. Continuam afastados o chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios, Maurício Marinho, o diretor de Administração dos Correios Antônio Osório Batista e seu assessor Fernando Leite de Godoy.
A CGU já havia detectado um prejuízo de R$ 21 milhões num contrato de transporte aéreo de malotes da ECT com a Skymaster Airlines Ltda. na gestão FHC.
O PFL ingressou no TCU (Tribunal de Contas da União) com representação pedindo que o órgão anule a licitação dos Correios para a escolha de parceiros para o comércio de apólices de seguro em suas agências espalhadas pelo país, o chamado "Seguro Postal". (MARTA SALOMON)


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