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QUESTÃO INDÍGENA
Polícia tenta combater extração ilegal de diamantes em Roosevelt
Polícia joga bomba em reserva em RO
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
Durante investigação sobre o
funcionamento de garimpo dentro da reserva indígena Roosevelt
(RO), no último dia 5, a Polícia
Federal jogou de seu helicóptero
uma bomba de efeito moral para
desmobilizar índios cintas-largas
e garimpeiros que extraíam ilegalmente diamantes no local.
O explosivo gerou estrondo e
fumaça no garimpo do Laje, dentro da reserva -que fica em Espigão d'Oeste (534 km de Porto Velho). Houve correria, mas ninguém saiu ferido, segundo a PF.
A ação, só revelada ontem pela
PF, não conseguiu acabar com o
garimpo. A PF informou que pelo
menos cem pessoas, entre índios e
garimpeiros, estão atuando na extração ilegal de diamantes. Todas
as entradas da reserva foram bloqueadas para impedir a entrada
de mantimentos e combustível.
A Associação Indígena Cinta-Larga Pamaré disse à Folha que
fará reclamação formal ao Conselho de Defesa dos Direitos Humanos, do Ministério da Justiça, contra o lançamento da bomba.
Chefe da força-tarefa que investiga o assassinato de 29 garimpeiros, em abril de 2004, e o contrabando de diamantes dentro da reserva, o delegado Mauro Sposito
justificou o lançamento da bomba dizendo que índios e garimpeiros estavam armados.
"Lançamos a bomba de efeito
moral, que é arma não letal, porque eles [índios e garimpeiros] estavam impedindo o pouso do helicóptero. Precisávamos dissolver
a manifestação", disse o delegado,
também coordenador de Operações Especiais de Fronteiras.
Sposito disse que antes do lançamento da bomba os agentes fizeram duas tentativas de pouso,
sem sucesso. Na primeira, os policiais avistaram quatro índios com
arcos e fechas. "Eles flecharam o
helicóptero, impedindo o pouso."
Como não conseguiu pousar a
aeronave no garimpo, o piloto aumentou a altitude. "Quando baixamos o helicóptero, os garimpeiros saíram [da mata] com espingardas nas mãos. Eles disparam
contra nós", completou.
Sposito disse que o garimpo foi
ativado pelos próprios índios em
abril deste ano. Em 2004, eles haviam firmado com a PF e com a
Funai um acordo de fechamento
dos garimpos dentro da reserva e
chegaram a entregar 302 resumidoras (máquinas usadas para sugar o cascalho do fundo do rio).
"Hoje, todos os caciques estão
comandando o garimpo. A situação é mais crítica porque tem o
apoio direto da Associação Pamaré. São eles [os caciques] que estão
saindo da reserva para vender os
diamantes aos contrabandistas."
Sposito disse que a associação
facilita a entrada de garimpeiros
na reserva. A associação negou
ontem que esteja à frente da exploração ilegal de diamantes.
Segundo a Polícia Federal, no
último fim de semana um grupo
de 40 garimpeiros foi detido ao
tentar entrar na reserva.
O procurador da República Reginaldo Pereira de Trindade, de
Rondônia, disse ter participado
de reunião com a PF, na semana
passada, em que recomendou que
não fossem usados explosivos em
ações na reserva. "A polícia tem
plena autonomia para agir, mas
fica uma certa preocupação em
razão do que significa essa bomba, pelo trauma que os índios têm
do contato com o branco."
A Funai (Fundação Nacional do
Índio) disse que enviou funcionário a Rondônia para acompanhar
a situação na reserva.
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