São Paulo, domingo, 31 de maio de 1998

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PAINEL

Inverno longo
Na cúpula tucana, há uma avaliação de que FHC não se recupera da queda nas pesquisas antes de meados de julho. É o tempo que levaria para o ataque à seca dar resultados e para o começo do reflexo no emprego de esperada retomada econômica.

Sobe o preço
Consequência de curto prazo da queda de prestígio de FHC, segundo avaliação de consultores econômicos: aumenta o "custo fiscal" da votação do 2º turno da reforma da Previdência e da convenção do PMDB.

História antiga
Apesar de empresários já falarem em fuga de capitais com a subida de Lula nas pesquisas, o PT não vê motivos para tentar tranquilizar o mercado. "Isso é terrorismo. Se o dinheiro sair é por causa da política econômica de FHC", diz José Dirceu.

Sem medo
Delfim Netto não acredita que a queda de FHC seja motivo para a debandada do capital estrangeiro. "Não creio que haja medo. Mesmo porque não acho que vai haver nenhuma loucura."

Ainda há tempo
Tanto na oposição como na situação há quem acredite que a queda de FHC nas pesquisas pode dar novo ânimo aos setores do PMDB que querem ter um candidato próprio a presidente.

Desafio mineiro
De Itamar Franco, ao saber das últimas pesquisas eleitorais: "Lamento que o PMDB neste momento não tenha candidato próprio a presidente, pois seria mais uma opção para a escolha democrática da sociedade".

Fundo do poço
Ao saber das últimas pesquisas, auxiliares de FHC diziam anteontem que nem tudo estava perdido. Para eles, é pequeno o risco de o presidente cair abaixo dos 30%. Só nesse caso, avaliam, haveria motivos para desespero.

Na torcida
Caciques petistas avaliam que, com a queda nas pesquisas, FHC terá mais problemas nos Estados onde tem dois palanques. Os ataques de Cesar Maia (PFL-RJ) ao presidente na semana passada seriam só o começo.

Jogando pôquer
O PFL tem recebido a queda de FHC nas sondagens de opinião com mais sangue-frio do que o PSDB. Enquanto tucanos suam frio, ACM, por exemplo, diz que aposta que a situação se reverte quando o presidente entrar para valer na campanha eleitoral.

Campanha antecipada
O resultado das últimas pesquisas fará FHC mexer radicalmente na sua agenda. Vai intensificar as inaugurações, viajar muito mais aos Estados, colocar os aliados para defender o seu governo e ocupar todos os espaços possíveis na mídia.

Vale tudo
Após o dia 30 de junho, quando acaba o prazo legal de inaugurações por candidatos, FHC passará a fazer visitas às obras em andamento. Foi a maneira encontrada pelo Planalto de o presidente tirar proveito eleitoral das obras sem infringir a lei.

Reta final
O Planalto está fechando o pacote de obras que serão inauguradas festivamente por FHC em junho, último mês permitido pela legislação eleitoral. No dia 15, o presidente vai ao Pará entregar obras em Tucuruí. No dia 30, a festa será em Sepetiba (RJ).

Intriga interessada
A queda de FHC nas pesquisas está dando mais pretexto para a queimação de Nizan Guanaes, da DM-9, que coordenará a campanha. Um ministro diz que ele quer vender o presidente como se fosse sabão em pó.

Mão amiga
ACM quer incluir a empresa baiana Propeg na campanha de FHC. Argumento: apesar de ter trabalhado na eleição de 94, a DM-9 teria perdido boa parte de seu acervo político com a morte do publicitário Geraldo Walter.

Emprego e pão
Para alguns aliados de FHC, só o discurso de que o real acaba, se Lula for eleito, pode não ser mais suficiente para a reeleição do tucano. "Além do real, o brasileiro quer sonhar", diz o senador Esperidião Amin (PPB).

TIROTEIO

De Delfim Netto (PPB-SP), sobre a queda de FHC e a subida de Lula nas pesquisas de intenção de voto para presidente:
- A administração deste governo é um fracasso. A queda vai pelo menos obrigar FHC a trabalhar um pouco melhor.

CONTRAPONTO

Uma atrás da outra
Depois de ter errado o voto que deu a vitória à oposição na votação da idade mínima para a aposentadoria na reforma da Previdência, no início de maio, o deputado federal Antonio Kandir (PSDB-SP) foi convidado por Arnaldo Madeira e Yeda Crusius para jantar.
Os colegas tucanos tiveram o cuidado de evitar o Piantella, tradicional ponto de encontro de políticos e jornalistas na noite brasiliense, para poupar Kandir das gozações. Resolveram ir ao La Vecchia Cucina.
Os três saíram separados, e Kandir chegou na frente.
Depois de jantar, eles tiveram uma surpresa. Apesar de terem comido pouco, a conta ficou em R$ 137 por pessoa.
Indignados, Madeira e Crusius foram conferir e descobriram que cada garrafa de vinha havia custado R$ 147. A reação dos dois foi imediata:
- Quem pediu esse vinho?
Nessa hora, Kandir quase sumiu na cadeira.



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