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NORDESTE
Região não atingida pela seca é novo alvo
MST fará saques em
área "verde" de PE
VANDECK SANTIAGO
da Agência Folha, em Recife
A Zona da Mata de Pernambuco,
região que não está na área atingida pela seca, é o novo alvo dos saques comandados pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Na última semana, houve um saque na região e pelo menos outros
quatro foram evitados depois que
os prefeitos dos municípios ameaçados distribuíram cestas para
acampamentos de sem-terra.
O MST promete que novos saques acontecerão nesta semana.
"A cesta básica não mata a fome
para sempre. Quando a fome volta, o pessoal precisa comer de novo", disse Luíza Ferreira da Silva,
uma ex-professora primária que é
a líder do MST na região.
Dos 184 municípios de Pernambuco, 127 (no sertão e agreste) foram considerados em "situação
crítica" por conta da seca, segundo a Sudene (Superintendência do
Desenvolvimento do Nordeste).
Nenhuma das 52 cidades da Zona
da Mata está incluída na lista.
"Aqui não tem flagelado da
seca, mas tem flagelado da fome",
disse Luíza da Silva.
Nos acampamentos da Zona da
Mata não há como produzir porque a terra é ocupada pela cultura
da cana-de-açúcar, avalia o MST.
Os acampados dizem também
que não recebem ajuda dos prefeitos e, por isso, decidiram saquear.
Há pelo menos dez dias, comissões representando os sem-terra
estão indo às prefeituras para reivindicar cestas básicas, lonas para
os acampamentos e remédios.
"Quem não atende a gente não
pode depois acusar o MST de ser
radical. Radical é a fome", disse
Edmário José da Silva, outro dirigente do movimento na região.
Políticos e comerciantes dizem
que as cidades estão sob tensão
permanente, temendo que a qualquer momento possa acontecer
um saque.
"Quando vejo um ajuntamento de gente ou qualquer correria,
não quero nem saber o que é: vou
logo fechando as portas", disse o
proprietário de uma mercearia em
Aliança (82 km de Recife), Marcelo Costa da Silva.
O prefeito da cidade, Carlos
Freitas (PSB), também reclama:
"Eu não sou presidente, meu
Deus. Os sem-terra precisam entender que um prefeito não pode
resolver o problema deles".
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