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CAMPANHA
Petista ataca governo e diz que nunca viu Malan tão "alquebrado"
Na Fiesp, Lula ataca Ciro e passividade de empresários
PLÍNIO FRAGA
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em encontro de mais de duas
horas com empresários na sede
da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), ontem pela manhã, o candidato do
PT à Presidência, Luiz Inácio Lula
da Silva, criticou o adversário Ciro Gomes (PPS), voltou a atacar o
governo e cobrou do empresariado uma atitude menos passiva na
política nacional.
Sobre a subida do dólar, afirmou que o governo deveria tomar
medidas para evitar que a elevação "mate alguém do coração" e,
com ironia, disse que nunca viu o
ministro da Fazenda, Pedro Malan, tão "alquebrado".
A primeira referência a Ciro foi
em relação ao Acordo de Ouro
Preto, assinado pelo ex-ministro
da Fazenda em 1994, que zerou
alíquotas de produtos comercializados no Mercosul, com exceções
que teriam sido prejudiciais à indústria brasileira. "Se vocês não
cobraram isso do Ciro quando ele
esteve aqui, foram covardes", disse. Segundo a Fiesp, Ciro foi questionado sobre o assunto em sua
palestra, na semana passada.
A segunda referência foi quando abordou sua proposta de salário mínimo, que reafirmou pretender dobrar em quatro anos.
"De vez em quando chega um esperto e diz que vai aumentar para
US$ 100 [proposta de Ciro". Não
digo que vou aumentar em dólar,
vou aumentar em real, porque o
trabalhador que ganha mínimo
não sai comprando dólar", disse.
Também pediu para que as pessoas analisem "quem está por trás
de cada candidato". "Tem que ver
qual é a seleção do Felipão, para
não correr o risco de votar na seleção da Argentina ou da França",
disse, em referência ao desempenho na Copa do Mundo.
Passividade
Para Lula, os empresários têm
se mantido passivos em relação a
políticas governamentais, seja na
pressão para a redução da taxa de
juros ou em atos como a aquisição de plataformas da Petrobras
de empresas do exterior.
"Não entendo não haver reação
de vocês", disse, sobre as compras
da Petrobras. Criticou ainda empresários que se dizem "apolíticos", mas acabam financiando
políticos. Chegou a citar como
exemplo o ex-deputado Hildebrando Paschoal (AC), condenado por relação com narcotráfico.
No único momento em que foi
interrompido por aplausos, disse
que os empresários seriam "notados" em seu governo. "É uma
contradição, um paradoxo, o PT
ter de ganhar a eleição para dar
representação a vocês no Copom
[Comitê de Política Monetária"."
A palestra foi acompanhada por
420 empresários -mais do que
Ciro (340) e Anthony Garotinho
(180). José Serra ainda não compareceu. Lula recebeu deles
aplausos mornos e foi questionado sobre temas como mercado de
capitais e redução da jornada.
Lula citou uma frase do dramaturgo alemão Bertolt Brecht
(1898-1956) para estimular os empresários a financiar candidatos
sérios: "Quem não gosta de política é governado por quem gosta".
O candidato petista procurou,
em sua palestra, desfazer a imagem de confrontação de seu partido com a Fiesp. Em 1989, o então
presidente, Mário Amato, afirmou que 800 mil empresários deixariam o país caso ele vencesse.
"Hoje temos muito mais concordâncias que discordâncias
com os empresários, na questão
da necessidade de produzir, de fazer reforma tributária." Referindo-se a documento divulgado pela Fiesp, o petista afirmou que
muito do que ali está poderia
constar "do manifesto da CUT".
Bem-humorado, o candidato
chegou a "anunciar" na palestra o
presidente do PT, José Dirceu, como integrante de sua equipe econômica. Depois, em entrevista,
disse que era "brincadeira".
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