São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Platéia sai de palestra insatisfeita

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Faltou o "como fazer". As respostas dadas ontem por Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência, às dúvidas dos industriais não convenceram alguns dos empresários presentes na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
"Ele não disse como vai conseguir apoio aqui para fazer o que deseja, como vai conseguir apoio lá fora para discutir nossos problemas no exterior. Na teoria, pareceu que estava correto. O problema é a prática", disse Hugo Miguel Etchenique, presidente do Conselho de Administração do grupo Brasmotor, dono das marcas Brastemp e Consul.
"As perguntas não foram respondidas", disse Pio Gavazi, diretor da Fiesp e empresário do setor de componentes eletrônicos. "O Partido dos Trabalhadores foi o único a apresentar propostas para a questão do racionamento de energia elétrica, mas as questões levantadas aqui não tiveram resposta", afirmou ele.
Para Lula, a posição dos empresários não indica que sua visita à Fiesp tenha sido pouco relevante. "Ninguém deve imaginar que eu faço essas visitas achando que a pessoa tal vai votar em mim e que, se não fosse por isso, não apresentaria minhas idéias. Se eu pensasse assim, nunca falaria com alguns setores ou associações."
Segundo ele, "a Fiesp de 2002 em nada tem a ver com a Fiesp de 99" -o ano seguinte após a reeleição de Fernando Henrique Cardoso. "Percebo entre nós mais convergências do que divergências", afirmou.
Para alguns industriais como Roberto Faldini, diretor do Departamento de Economia da Fiesp, há sinais de que as idéias apresentadas por Lula têm "mais relação com aquelas seguidas pela Fiesp". Entretanto, "mesmo com um discurso bem colocado, ainda falta o como fazer", afirmou Faldini. O presidente da Fiesp, Horacio Lafer Piva, não fez comentários. Disse apenas que a indústria "olha o candidato com respeito, interesse e amizade".
Lula abordou questões que viraram alvo da crítica da Fiesp ao atual governo tucano. O candidato criticou, por exemplo, a lentidão para a realização da reforma tributária exigida pelos empresários e disse que enviará ao Congresso a proposta de uma minirreforma em seu governo. Afirmou ainda que é necessário criar mecanismos para trazer de volta as empresas ao mercado de capitais (Bolsas de Valores).
Um desses mecanismo seria a criação de fundos de pensão para várias categorias profissionais. Segundo ele, esses fundos teriam duas finalidades: serviriam como opção de poupança para pequenos investidores e ainda para financiar atividades produtivas.


Texto Anterior: Pecado Capital: Dinheiro foge sozinho, diz Amato
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.