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Platéia sai de palestra insatisfeita
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Faltou o "como fazer". As respostas dadas ontem por Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT
à Presidência, às dúvidas dos industriais não convenceram alguns dos empresários presentes
na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
"Ele não disse como vai conseguir apoio aqui para fazer o que
deseja, como vai conseguir apoio
lá fora para discutir nossos problemas no exterior. Na teoria, pareceu que estava correto. O problema é a prática", disse Hugo Miguel Etchenique, presidente do
Conselho de Administração do
grupo Brasmotor, dono das marcas Brastemp e Consul.
"As perguntas não foram respondidas", disse Pio Gavazi, diretor da Fiesp e empresário do setor
de componentes eletrônicos. "O
Partido dos Trabalhadores foi o
único a apresentar propostas para
a questão do racionamento de
energia elétrica, mas as questões
levantadas aqui não tiveram resposta", afirmou ele.
Para Lula, a posição dos empresários não indica que sua visita à
Fiesp tenha sido pouco relevante.
"Ninguém deve imaginar que eu
faço essas visitas achando que a
pessoa tal vai votar em mim e que,
se não fosse por isso, não apresentaria minhas idéias. Se eu pensasse assim, nunca falaria com alguns setores ou associações."
Segundo ele, "a Fiesp de 2002
em nada tem a ver com a Fiesp de
99" -o ano seguinte após a reeleição de Fernando Henrique
Cardoso. "Percebo entre nós mais
convergências do que divergências", afirmou.
Para alguns industriais como
Roberto Faldini, diretor do Departamento de Economia da
Fiesp, há sinais de que as idéias
apresentadas por Lula têm "mais
relação com aquelas seguidas pela
Fiesp". Entretanto, "mesmo com
um discurso bem colocado, ainda
falta o como fazer", afirmou Faldini. O presidente da Fiesp, Horacio Lafer Piva, não fez comentários. Disse apenas que a indústria
"olha o candidato com respeito,
interesse e amizade".
Lula abordou questões que viraram alvo da crítica da Fiesp ao
atual governo tucano. O candidato criticou, por exemplo, a lentidão para a realização da reforma
tributária exigida pelos empresários e disse que enviará ao Congresso a proposta de uma minirreforma em seu governo. Afirmou ainda que é necessário criar
mecanismos para trazer de volta
as empresas ao mercado de capitais (Bolsas de Valores).
Um desses mecanismo seria a
criação de fundos de pensão para
várias categorias profissionais.
Segundo ele, esses fundos teriam
duas finalidades: serviriam como
opção de poupança para pequenos investidores e ainda para financiar atividades produtivas.
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