São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 2002

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Garotinho vai ao TSE para cassar Lula

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O candidato do PSB à Presidência, Anthony Garotinho, pediu ontem ao TSE que casse a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acusando-o de uso da máquina do Estado do Rio. Segundo ele, o secretário estadual do Trabalho, Adeilson Ribeiro Telles, utilizou indevidamente a máquina para convidar o secretário de Administração e Reestruturação do Estado, Rômulo Orrico Filho, para inauguração de comitê.
Em comício para cerca de 500 pessoas, ontem à noite em Duque de Caxias (RJ), Lula atacou indiretamente Garotinho: ""Não posso conceber, pela minha formação cristã -eu sou católico-, que pessoas utilizem o nome de Deus em vão. Estou cansado de ver gente mentir em nome da religião". Lula disse ainda que o restaurante popular, símbolo da gestão de Garotinho no Rio, é uma invenção do ex-prefeito de Belo Horizonte Patrus Ananias (PT).

"Má-fé"
Acompanhado de Benedita da Silva, candidata à reeleição para o governo do Rio, Lula disse que é "má-fé" cobrar da governadora, em quatro meses, "o que não fizeram em 40 anos". Segundo ele, "desde o começo dos anos 90 até agora, de 100% dos crimes que aconteceram neste país, apenas 8% foram esclarecidos", disse.
Rebatendo as críticas sobre seu suposto despreparo para exercer a Presidência, disse: ""Imaginem se o Vicente Feola [treinador da seleção brasileira na Copa de 1958" não tivesse dado uma chance ao Pelé". Depois, em comício em Mesquita (RJ), para 4.000 pessoas, voltou a criticar Garotinho.
O presidente nacional do PSB, Miguel Arraes, decidiu partir para o confronto direto com os grupos que defendem a renúncia de Garotinho. Ontem, em Recife, após participar de uma reunião com a cúpula socialista de Pernambuco, ele substituiu seu candidato a governador do Estado, Humberto Barradas, que liderava um movimento local contra Garotinho.

"Conspiração"
Arraes considerava a ação de Barradas conspiratória e simbolicamente negativa para o PSB.
Ao substituí-lo, não sufocou apenas o núcleo de resistência à candidatura nacional em Pernambuco. Enviou também um recado aos diretórios do partido em outros Estados.
"A idéia é tornar a decisão de Pernambuco um exemplo para outros locais", afirmou à Agência Folha um integrante do PSB.
O partido, informou, quer mostrar que a candidatura de Garotinho é "irreversível" e que o partido deve trabalhar "a favor da sua permanência".
Barradas será substituído pelo vice da chapa, Dilton da Conti, um dos principais assessores de Arraes. O vice de Conti será o médico Anchieta Patriota.
Barradas foi o terceiro candidato a governador do PSB a deixar a disputa. Ele foi o primeiro, entretanto, a ser substituído por decisão do partido.
Jacó Bittar, que disputaria a eleição em São Paulo, e Lídice da Mata, candidata na Bahia, renunciaram na semana passada. Os dois abandonaram as candidaturas reclamando da "falta de apoio" e da "evangelização" da campanha.


Colaboraram a Agência Folha, em Recife, e a Sucursal do Rio



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