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Planalto chama Estados para reunião
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo decidiu ontem à noite chamar os governadores representantes das cinco regiões do
país para uma reunião hoje à tarde, com o objetivo de discutir novamente o acordo em torno das
reformas previdenciária, mais
avançada, e tributária, que hoje
vive um impasse.
Governadores convidados
acham que foram chamados para
avalizar a fixação do subteto dos
desembargadores em 90,25% do
salário de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), na reforma da Previdência, conforme
acordo firmado na Câmara com o
Judiciário. Em troca, eles esperam
que o Planalto ofereça os meios
para os Estados arcarem com o
subteto fazendo concessões na reforma tributária: parte da Cide,
tributo cobrado sobre o preço da
gasolina, e a criação de um fundo
para compensar o fim do ICMS
sobre as exportações.
Segundo a assessoria do governador Aécio Neves (PSDB-MG),
ele não conseguiu falar na noite de
ontem com os colegas representantes das outras regiões. Por isso,
Aécio não poderia confirmar a
realização da reunião, até porque
o governador Germano Rigotto
(PMDB-RS) estava no Uruguai e
só voltaria ontem à noite.
O governo recebeu ontem sinais
de que, tal como está, a reforma
tributária corre o risco de perder o
apoio dos governadores e também o de não ser aprovada pela
comissão especial da Câmara encarregada de analisar o projeto.
A avaliação diz respeito à última
versão do relatório preliminar da
reforma apresentado anteontem
pelo deputado Virgílio Guimarães (PT-MG), com recuos nas
principais alterações ao texto original do governo negociadas com
Estados, empresários e membros
da comissão contempladas na
versão divulgada na semana passada. "Minha opinião é que, do
jeito que está, o relatório dificilmente passa", disse o presidente
da comissão, Mussa Demes (PFL-PI), que considera o texto "enxuto
demais" e omisso em relação a temas fundamentais, como a distribuição das receitas do ICMS e o
estímulo à competitividade da
produção nacional.
Os governadores não falam
abertamente, por aguardar sinais
do Planalto sobre o atendimento
a suas reivindicações. Mas, segundo a Folha apurou, acham que
nada têm a ganhar com o formato
atual do projeto, que não contempla a divisão da receita das contribuições federais e as regras do
fundo de compensação de perdas.
Na comissão, o desgaste do governo é mais evidente: o texto de
Guimarães foi alvo de uma chuva
de ataques de oposicionistas e governistas, para quem a equipe
econômica bloqueia alterações
consideradas fundamentais com
medo de perder arrecadação.
Os deputados da comissão têm
reunião marcada para hoje com o
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda), defensor da tese da
"reforma possível" -ou seja, que
é melhor aprovar uma reforma
pouco ambiciosa do que não
aprovar reforma nenhuma.
Guimarães teve encontros ontem com três governadores
-Paulo Souto (PFL-BA), Zeca do
PT (MS) e Rosinha Matheus
(PSB-RJ)- e com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Após a reunião no Planalto, disse que o governo não pretende
adotar "manobras protelatórias"
na reforma tributária. A Folha
noticiou ontem que o Planalto decidiu desacelerar a tramitação do
projeto para concentrar suas
energias na negociação da reforma da Previdência.
Guimarães afirmou que pretende apresentar a versão final de seu
relatório na quinta-feira da próxima semana, de forma a evitar a
necessidade de estender o prazo
de funcionamento da comissão.
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