São Paulo, quinta, 31 de julho de 1997.



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História de Cárdenas dá alento a petistas

do Conselho Editorial

Até ser eleito prefeito da Cidade do México, no início do mês, Cuauhtémoc Cárdenas Solórzano valia mais pelo sobrenome Cárdenas do que pelo nome.
Esse engenheiro de 62 anos é filho de Lázaro Cárdenas, talvez o mais carismático presidente do México, responsável pela nacionalização do petróleo e pela retomada da reforma agrária.
Cárdenas, o pai, governou de 1934 a 1940 e parecia reencarnar o grito "Tierra y Libertad", que foi o mobilizador da Revolução Mexicana de 1910, a primeira revolta social do século.
Foi o peso desse sobrenome que deu formidável dimensão à saída de Cuauhtémoc Cárdenas do PRI (Partido Revolucionário Institucional), nascido indiretamente da revolução e que governa o México desde sua fundação, em 1929.
Cárdenas, preterido na indicação para disputar a Presidência em 1988, deixou o PRI e criou a Frente Democrática Nacional, o embrião do que viria a ser o seu partido atual, o PRD (Partido da Revolução Democrática).
Mas Cárdenas perdeu a disputa presidencial de 1988, derrotado por Carlos Salinas de Gortari (ficou com 31% e denunciou fraude).
Perdeu de novo em 94 e, desta vez, ficou em terceiro lugar, com apenas 16,31% dos votos, atrás do atual presidente Ernesto Zedillo e do candidato conservador Diego Fernández de Ceballos.
Foi a crise cambial de dezembro de 94, nos primeiros meses da administração Zedillo, que ressuscitou o PRD, combalido pelas duas derrotas anteriores, e lhe deu fôlego para ganhar a Prefeitura da Cidade do México, na primeira eleição direta realizada na capital.
Nessas circunstâncias, Cárdenas voltou a ser uma referência para a esquerda latino-americana e, em especial, para o PT brasileiro.
Afinal, Luiz Inácio Lula da Silva, o líder histórico do PT, também sofreu duas derrotas consecutivas em eleições presidenciais. Acima de tudo, há pontos coincidentes nas plataformas do PT e do PRD.
Exemplo principal: o PRD defende ferreamente que a exploração do petróleo se mantenha "na totalidade sob o domínio direto, inalienável e imprescritível da nação". Ou seja, em mãos da Pemex, a Petrobrás mexicana.
O PRD acha, como o PT, que "o Estado deve continuar participando na áreas estratégicas para a soberania nacional".
Por fim, entre os 11 pontos que o PRD chama de "eixos fundamentais" da política econômica que adotará, se chegar à Presidência no ano 2000, está "deter a privatização de empresas e bens nacionais e buscar que as já aprovadas pelo Congresso se façam com maior transparência". (CLÓVIS ROSSI)



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