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História de Cárdenas dá alento a petistas
do Conselho Editorial
Até ser eleito prefeito da Cidade
do México, no início do mês,
Cuauhtémoc Cárdenas Solórzano
valia mais pelo sobrenome Cárdenas do que pelo nome.
Esse engenheiro de 62 anos é filho de Lázaro Cárdenas, talvez o
mais carismático presidente do
México, responsável pela nacionalização do petróleo e pela retomada da reforma agrária.
Cárdenas, o pai, governou de
1934 a 1940 e parecia reencarnar o
grito "Tierra y Libertad", que foi o
mobilizador da Revolução Mexicana de 1910, a primeira revolta social do século.
Foi o peso desse sobrenome que
deu formidável dimensão à saída
de Cuauhtémoc Cárdenas do PRI
(Partido Revolucionário Institucional), nascido indiretamente da
revolução e que governa o México
desde sua fundação, em 1929.
Cárdenas, preterido na indicação para disputar a Presidência em
1988, deixou o PRI e criou a Frente
Democrática Nacional, o embrião
do que viria a ser o seu partido
atual, o PRD (Partido da Revolução Democrática).
Mas Cárdenas perdeu a disputa
presidencial de 1988, derrotado
por Carlos Salinas de Gortari (ficou com 31% e denunciou fraude).
Perdeu de novo em 94 e, desta
vez, ficou em terceiro lugar, com
apenas 16,31% dos votos, atrás do
atual presidente Ernesto Zedillo e
do candidato conservador Diego
Fernández de Ceballos.
Foi a crise cambial de dezembro
de 94, nos primeiros meses da administração Zedillo, que ressuscitou o PRD, combalido pelas duas
derrotas anteriores, e lhe deu fôlego para ganhar a Prefeitura da Cidade do México, na primeira eleição direta realizada na capital.
Nessas circunstâncias, Cárdenas
voltou a ser uma referência para a
esquerda latino-americana e, em
especial, para o PT brasileiro.
Afinal, Luiz Inácio Lula da Silva,
o líder histórico do PT, também
sofreu duas derrotas consecutivas
em eleições presidenciais. Acima
de tudo, há pontos coincidentes
nas plataformas do PT e do PRD.
Exemplo principal: o PRD defende ferreamente que a exploração
do petróleo se mantenha "na totalidade sob o domínio direto, inalienável e imprescritível da nação". Ou seja, em mãos da Pemex,
a Petrobrás mexicana.
O PRD acha, como o PT, que "o
Estado deve continuar participando na áreas estratégicas para a soberania nacional".
Por fim, entre os 11 pontos que o
PRD chama de "eixos fundamentais" da política econômica que
adotará, se chegar à Presidência no
ano 2000, está "deter a privatização de empresas e bens nacionais e
buscar que as já aprovadas pelo
Congresso se façam com maior
transparência".
(CLÓVIS ROSSI)
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