São Paulo, sexta, 31 de julho de 1998

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O FUTURO
Telefonista da Telesp vai estudar espanhol
Incerteza domina funcionários em SP

da Reportagem Local

Joara Paiva, 43, acha que um pedaço do Brasil foi vendido. Paulo Alves de Lima, 61, vê o fim da própria carreira. Adriana Rezende Boareto, 25, aposta num futuro melhor.
É com esses sentimentos que o novo dono da Telesp (telefonia fixa), a Telefónica de España, terá de lidar quando assumir o comando da empresa, na rua 7 de Abril, centro de São Paulo.
"Não queria que tivesse sido feita (a privatização). Não é porque tenho medo de perder o emprego, mas porque a empresa era nossa, era do país", afirmou Joara Paiva.
Casada, três filhos, Paiva está na Telesp há um ano e meio. Por um salário de R$ 530 mensais, é atendente de balcão no posto de serviço que funciona no andar térreo da sede. "Não tenho a mínima idéia do que vai mudar com o novo dono", disse.
Com 35 anos de serviço na Telesp, Paulo Alves de Lima conseguiu continuar na empresa depois de ter conseguido a aposentadoria, há cinco. "Acho que não vai dar para continuar. Eles (o novo dono) não vão querer ficar com aposentado."
Lima disse que a Telesp já mudou muito. "Sempre para pior no aspecto salarial." Ele não arrisca fazer previsões sobre o futuro da empresa e não quer nem ouvir falar de curso de espanhol.
"Para ser sincero, estamos todos boiando aqui dentro. Agora, não é com 61 anos de idade e 35 anos de serviço que vou virar espanhol", afirmou.
A telefonista Adriana Boareto poderia até se gabar de seus poderes premonitórios. Estava estudando espanhol até o ano passado, mas diz ter interrompido o curso por problemas pessoais.
Ela afirma que pretende retomar os estudos, não por causa do novo dono, e sim pelos desafios da globalização.
"Na era da globalização precisamos aprender língua estrangeira e outras matérias para melhorar a nossa qualificação profissional", afirmou.
Há um ano e oito meses na Telesp, Boareto diz que a tendência na empresa privatizada é a melhoria da qualidade dos serviços e do bem-estar dos funcionários.
A Telesp passou nos últimos anos por um processo de reestruturação, cortando parte de seus funcionários. Hoje, a empresa tem 23 mil funcionários, contra 24.236 em 93.
Entre 95 e 98, a densidade telefônica no Estado de São Paulo cresceu 21%, passando de 14 para 17 terminais por 100 habitantes. Assim, a Telesp mantém 5,3 milhões de linhas instaladas no Estado. A empresa tem em seu cadastro 6,7 milhões de pessoas que aguardam uma linha.



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