São Paulo, sexta, 31 de julho de 1998

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Fundos de pensão podem participar na Tele Norte Leste

ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio

Pelo menos quatro grandes fundos de pensão -entre eles, a Previ (Banco do Brasil) e a Petros (Petrobrás)- podem se juntar às seis empresas nacionais que compraram o controle da Tele Norte Leste, no leilão de ontem.
O presidente da Andrade Gutierrez Telecomunicações, Otávio Azevedo, disse que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) financiará o consórcio em cerca de R$ 500 milhões, que representam apenas 36% do pagamento a ser efetuado pelos acionistas na próxima terça-feira.
Segundo Azevedo, as seis empresas têm condição de fazer o pagamento mesmo sem o empréstimo do banco estatal.
Os fundos de pensão deverão ser admitidos como acionistas, com participação minoritária, depois de concretizada a transferência da telefônica para o consórcio privado. Ontem, os seis sócios fizeram várias reuniões com o BNDES para reverter as críticas que dirigentes do próprio órgãos lhes têm feito pela imprensa.
O consórcio que arrematou a Tele Norte Leste é formado pela Construtora Andrade Gutierrez, pelo grupo paranaense Inepar, pela Macal (empresa do empresário Antônio Dias Leite Neto), pela Fiago (grupo La Fonte, do empresário Carlos Jereissati, irmão do governador do Ceará, Tasso Jereissati) e pelas seguradoras Brasilveículos e Aliança.
Tão logo foi anunciada a vitória do consórcio no leilão, surgiram especulações de que o grupo não teria porte financeiro e capacidade técnica para administrar a telefônica, já que não havia nenhuma operadora estrangeira no grupo.
A Tele Norte Leste é a maior das três telefônicas locais fixas vendidas pelo governo: sua área de concessão abrange 16 Estados, do Rio de Janeiro ao Amazonas.
Otávio Azevedo diz que há "má-vontade" contra o grupo brasileiro e que quatro dos seis integrantes do consórcio têm experiência em telecomunicações. "Por que essa cobrança e discriminação contra nós? Será que é preciso ter uma marca estrangeira para ser acreditado no Brasil?"
Otávio Azevedo disse que a empresa fará parceria com uma operadora estrangeira no futuro, sem alterar o controle nacional.
"É a perspectiva dessa aliança que desagrada tanto", afirmou.
Pela manhã, as agências de notícias divulgaram críticas ao consórcio atribuídas ao vice-presidente do BNDES, José Pio Borges. Ele teria dito que os fundos de pensão e seguradoras do Banco do Brasil teriam, respectivamente, 25% e 17% do capital e que o BNDES não iria financiar um consórcio "chapa branca". Procurado pela Folha para confirmar ou não as informações a ele atribuídas, não deu declarações.
O presidente da Andrade Gutierrez Telecomunicações disse que a construtora, que lidera o consórcio, tem patrimônio líquido de R$ 3,5 bilhões e faturamento anual de R$ 1 bilhão e não iria se envolver em aventuras.



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