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Fundos de pensão podem participar na Tele Norte Leste
ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio
Pelo menos quatro grandes fundos de pensão -entre eles, a Previ
(Banco do Brasil) e a Petros (Petrobrás)- podem se juntar às seis
empresas nacionais que compraram o controle da Tele Norte Leste, no leilão de ontem.
O presidente da Andrade Gutierrez Telecomunicações, Otávio
Azevedo, disse que o BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) financiará o consórcio em cerca de R$
500 milhões, que representam
apenas 36% do pagamento a ser
efetuado pelos acionistas na próxima terça-feira.
Segundo Azevedo, as seis empresas têm condição de fazer o pagamento mesmo sem o empréstimo do banco estatal.
Os fundos de pensão deverão ser
admitidos como acionistas, com
participação minoritária, depois
de concretizada a transferência da
telefônica para o consórcio privado. Ontem, os seis sócios fizeram
várias reuniões com o BNDES para reverter as críticas que dirigentes do próprio órgãos lhes têm feito pela imprensa.
O consórcio que arrematou a
Tele Norte Leste é formado pela
Construtora Andrade Gutierrez,
pelo grupo paranaense Inepar, pela Macal (empresa do empresário
Antônio Dias Leite Neto), pela
Fiago (grupo La Fonte, do empresário Carlos Jereissati, irmão do
governador do Ceará, Tasso Jereissati) e pelas seguradoras Brasilveículos e Aliança.
Tão logo foi anunciada a vitória
do consórcio no leilão, surgiram
especulações de que o grupo não
teria porte financeiro e capacidade
técnica para administrar a telefônica, já que não havia nenhuma
operadora estrangeira no grupo.
A Tele Norte Leste é a maior das
três telefônicas locais fixas vendidas pelo governo: sua área de concessão abrange 16 Estados, do Rio
de Janeiro ao Amazonas.
Otávio Azevedo diz que há
"má-vontade" contra o grupo
brasileiro e que quatro dos seis integrantes do consórcio têm experiência em telecomunicações.
"Por que essa cobrança e discriminação contra nós? Será que é
preciso ter uma marca estrangeira
para ser acreditado no Brasil?"
Otávio Azevedo disse que a empresa fará parceria com uma operadora estrangeira no futuro, sem
alterar o controle nacional.
"É a perspectiva dessa aliança
que desagrada tanto", afirmou.
Pela manhã, as agências de notícias divulgaram críticas ao consórcio atribuídas ao vice-presidente do BNDES, José Pio Borges.
Ele teria dito que os fundos de
pensão e seguradoras do Banco do
Brasil teriam, respectivamente,
25% e 17% do capital e que o
BNDES não iria financiar um consórcio "chapa branca". Procurado pela Folha para confirmar ou
não as informações a ele atribuídas, não deu declarações.
O presidente da Andrade Gutierrez Telecomunicações disse que a
construtora, que lidera o consórcio, tem patrimônio líquido de R$
3,5 bilhões e faturamento anual de
R$ 1 bilhão e não iria se envolver
em aventuras.
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