São Paulo, sexta, 31 de julho de 1998

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RBS pretende rever acordo com Telefónica

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre

A RBS, empresa de comunicação gaúcha, quer rever sua sociedade com a Telefónica de España na CRT (Companhia Riograndense de Telecomunicações).
O presidente da RBS, Nelson Sirotsky, disse ontem que o processo de revisão começa hoje. Tanto gaúchos como espanhóis integram majoritariamente a Telebrasil Sul, que comprou a Telesp fixa.
Sirotsky declarou, em entrevista, que levou "um choque de surpresa" quando a Telefónica, por meio da Telebrasil Sul, deu o lance vencedor de R$ 5,78 bilhões pela Telesp.
"Eu me retirei, fui embora, foi um choque", disse Sirotsky, referindo-se à atitude da Telefónica. A insatisfação do grupo gaúcho foi revelada na edição de ontem da Folha.
Sirotsky disse que o acordo entre a sua empresa e a Telefónica tinha como objetivo principal vencer o leilão da Tele Centro Sul, que abrange nove Estados, entre eles Santa Catarina e Paraná, de interesse estratégico para a RBS.
"A vitória na compra da Telesp não atendeu aos interesses estratégicos da RBS, o que nos leva a iniciar um processo de reavaliação da nossa associação com a Telefónica", disse Sirotsky.
Ele não quis responder sobre a estratégia da Telefónica de desviar, no leilão da Telebrás, o foco da Tele Centro Sul para a Telesp. "Nós não sabíamos que a Telefónica ia lutar pela Telesp", revelou.
Diante de algumas perguntas sobre o relacionamento entre RBS e Telefónica, a partir do leilão de anteontem, ele disse que deveriam buscar esclarecimentos com o presidente da empresa da Espanha, Juan Villalonga.
Sirotsky disse não saber se a RBS permanecerá participando da Telesp. Afirmou, porém, que o mercado de São Paulo "não é estrategicamente relevante para a RBS".
A Telefónica, por imposição legal, terá de sair num prazo de 18 meses do controle da CRT (uma operadora não pode controlar duas teles de telefonia fixa).
"Em um extremo, podemos assumir uma posição mais relevante (no controle) e, no outro extremo, até sair da CRT", disse Sirotsky. "Há um conjunto de negociações" a ser desenvolvido, acrescentou. Ele disse que não há um "rompimento" com a Telefónica.
Críticas
A participação da Telefónica de España na CRT sofre críticas em Porto Alegre. Devido aos problemas que dizia estar sofrendo com as linhas telefônicas, uma empresa de Porto Alegre publicou anúncios em jornais para protestar.
A CRT administrada pelos espanhóis conseguiu aumentar o número de terminais desde dezembro de 96, quando foram vendidos 35% do capital da empresa. No entanto as queixas continuam.
A assessoria da CRT informou ontem que não possuía dados sobre o número de reclamações sobre os serviços para comparar com feitas antes da venda.
A CRT tinha 946,4 mil telefones convencionais em dezembro de 96 e passou para 1,37 milhão em abril passado.



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