|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RBS pretende rever
acordo com Telefónica
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre
A RBS, empresa de comunicação
gaúcha, quer rever sua sociedade
com a Telefónica de España na
CRT (Companhia Riograndense
de Telecomunicações).
O presidente da RBS, Nelson Sirotsky, disse ontem que o processo de revisão começa hoje. Tanto
gaúchos como espanhóis integram majoritariamente a Telebrasil Sul, que comprou a Telesp fixa.
Sirotsky declarou, em entrevista, que levou "um choque de surpresa" quando a Telefónica, por
meio da Telebrasil Sul, deu o lance
vencedor de R$ 5,78 bilhões pela
Telesp.
"Eu me retirei, fui embora, foi
um choque", disse Sirotsky, referindo-se à atitude da Telefónica. A
insatisfação do grupo gaúcho foi
revelada na edição de ontem da
Folha.
Sirotsky disse que o acordo entre
a sua empresa e a Telefónica tinha
como objetivo principal vencer o
leilão da Tele Centro Sul, que
abrange nove Estados, entre eles
Santa Catarina e Paraná, de interesse estratégico para a RBS.
"A vitória na compra da Telesp
não atendeu aos interesses estratégicos da RBS, o que nos leva a iniciar um processo de reavaliação da
nossa associação com a Telefónica", disse Sirotsky.
Ele não quis responder sobre a
estratégia da Telefónica de desviar, no leilão da Telebrás, o foco
da Tele Centro Sul para a Telesp.
"Nós não sabíamos que a Telefónica ia lutar pela Telesp", revelou.
Diante de algumas perguntas sobre o relacionamento entre RBS e
Telefónica, a partir do leilão de
anteontem, ele disse que deveriam
buscar esclarecimentos com o
presidente da empresa da Espanha, Juan Villalonga.
Sirotsky disse não saber se a RBS
permanecerá participando da Telesp. Afirmou, porém, que o mercado de São Paulo "não é estrategicamente relevante para a RBS".
A Telefónica, por imposição legal, terá de sair num prazo de 18
meses do controle da CRT (uma
operadora não pode controlar
duas teles de telefonia fixa).
"Em um extremo, podemos assumir uma posição mais relevante
(no controle) e, no outro extremo,
até sair da CRT", disse Sirotsky.
"Há um conjunto de negociações" a ser desenvolvido, acrescentou. Ele disse que não há um
"rompimento" com a Telefónica.
Críticas
A participação da Telefónica de
España na CRT sofre críticas em
Porto Alegre. Devido aos problemas que dizia estar sofrendo com
as linhas telefônicas, uma empresa
de Porto Alegre publicou anúncios em jornais para protestar.
A CRT administrada pelos espanhóis conseguiu aumentar o número de terminais desde dezembro de 96, quando foram vendidos
35% do capital da empresa. No entanto as queixas continuam.
A assessoria da CRT informou
ontem que não possuía dados sobre o número de reclamações sobre os serviços para comparar
com feitas antes da venda.
A CRT tinha 946,4 mil telefones
convencionais em dezembro de 96
e passou para 1,37 milhão em abril
passado.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|