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BC SOB PRESSÃO
Nota diz que não há ligação do presidente do BC com processos trabalhistas contra o BankBoston em GO
Procuradoria descarta fraude de Meirelles
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em nota oficial, o Ministério
Público Federal em Goiás afirma
que "não existem indícios de ligação do sr. Henrique Meirelles
[presidente do Banco Central]"
com uma suposta prática de simulação de processos trabalhistas
contra o BankBoston.
A nota se refere a relatório preparado em julho deste ano pelo
Ministério Público do Trabalho
em Goiás. No documento, a procuradora do Trabalho Maria das
Graças Prado Fleury diz: "Suspeita-se que o BankBoston N.A. estaria se utilizando de lides [ações]
simuladas para possibilitar a prestação de contas de campanha de
seu ex-presidente perante a Câmara dos Deputados e encobrir
abuso do poder econômico".
Meirelles, ex-presidente mundial do BankBoston, elegeu-se em
2002 deputado federal pelo PSDB
de Goiás. A investigação da procuradora diz respeito a seguranças contratados pelo banco para
Meirelles, inclusive durante a
campanha, que posteriormente
pediram indenizações trabalhistas na Justiça.
Chamaram a atenção os altos
valores pagos -média de R$ 75
mil- principalmente a policiais
militares recrutados pelo banco.
O grupo, composto de 17 pessoas,
atuou de 2001 até o início de 2003,
quando Meirelles assumiu a presidência do Banco Central.
O Ministério Público do Trabalho encaminhou o caso para o Ministério Público Federal, o Estadual e à Corregedoria de Polícia
de Goiás.
Status de ministro
Além de negar sinais de envolvimento de Meirelles no caso, a nota divulgada pelo órgão federal
afirma, ainda, que a instituição
não teria atribuição para investigar no âmbito criminal, "inclusive
em relação a crimes eleitorais",
uma autoridade "com status de
ministro de Estado", para o qual o
foco adequado seria o Supremo
Tribunal Federal.
Ainda conforme a nota, o Ministério Público Federal seguirá
investigando se houve irregularidades nos contratos firmados
com o BankBoston. O banco nega
haver problemas.
"Sob a óptica trabalhista não há
irregularidade. O que é preciso
ver agora, e por isso remetemos
os autos, é se houve lide simulada
para acobertar caixa-dois de campanha", disse a procuradora do
Trabalho.
A Corregedoria de Polícia de
Goiás abriu, no último dia 23,
uma sindicância para apurar se os
policiais prestaram serviços aos
BankBoston de forma irregular, o
que se configuraria, por exemplo,
se fosse comprovado que prestaram serviços ao banco durante o
período em que deveriam estar
cumprindo escala de plantão na
corporação.
Ouvidos pela Folha na semana
passada, policiais que são alvo da
comissão de sindicância disseram
que foram à Justiça Trabalhista
buscar horas-extras e direitos legais que o BankBoston não lhes
pagara. Seria uma forma de obter
dinheiro fácil depois que perderam o complemento salarial que
equivalia a três vezes o ganho
mensal de R$ 1.500 que recebem
como policiais.
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