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CASO BANESTADO
Juarez Barreto Filho afirma que recebeu US$ 2 milhões de Amazonino Mendes via conta de banco dos EUA
Empresário acusa pefelista de remessa ilegal
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
O empresário brasileiro naturalizado americano Juarez Barreto
Filho afirmou ter recebido US$ 2
milhões de Amazonino Mendes
(PFL), ex-governador do Amazonas e candidato a prefeito em Manaus, pelo esquema de remessa
ilegal de dinheiro investigado pela
força-tarefa CC5 do Banestado.
Segundo o empresário, a mesma
afirmação foi feita em depoimento ao FBI (a polícia federal dos Estados Unidos).
Barreto Filho, que atualmente
vive em Nova York, disse que o
dinheiro de Amazonino foi depositado em suas contas numa operação de câmbio realizada por
meio da conta Beacon Hill, no
Chase Manhattan Bank, também
de Nova York.
Segundo as investigações da
força-tarefa, US$ 13 bilhões originários do Brasil foram movimentados, entre 1999 e 2002, na Beacon Hill e nas subcontas dela.
Contrato
O empresário afirmou que sua
empresa North American Export
Agencies Inc. tinha -em 1996,
durante a gestão de Amazonino- um contrato de fornecimento de geradores elétricos para
a Ceam (Companhia de Energia
do Amazonas), órgão do governo
amazonense, no valor de US$ 32
milhões.
Um representante do governo
teria exigido US$ 12 milhões a título de "comissão" para fazer a
concretização do negócio, segundo o relato de Barreto Filho, que
teria se negado a pagar a quantia.
Com isso, o governo amazonense
desfez o contrato.
O empresário disse que pressionou o governo -inclusive ameaçando fazer denúncia de evasão
de divisas para o exterior- para
receber alguma compensação pela quebra do contrato.
Compensação
O dinheiro enviado a Barreto Filho por Amazonino seria exatamente essa compensação. "Minhas perdas chegaram a US$ 2
milhões. Ele [Amazonino] ressarciu tudo", afirmou.
Barreto Filho disse ter feito esse
relato a dois agentes do FBI que o
procuraram, em sua casa, em 19
de agosto, durante uma investigação sobre sonegação fiscal.
Ele disse que recebeu três remessas de dólares pelas operadoras de câmbio no total de
US$ 2.156.500 entre novembro de
1996 e julho de 2000.
O dinheiro foi enviado para as
contas de suas empresas -North
American e Valley Diesel and
Equipament Inc.- no banco
Chase Manhattan.
Remessas
A reportagem obteve cópias de
extratos das remessas de
US$ 1.287.000 (enviada em
23/11/ 1996) e de US$ 187.500 (em
13/ 07/2000).
O dinheiro teria sido enviado
pela "offshore" BCF Internacional/Cortez Câmbio e Turismo,
dos doleiros de Manaus Messod
Gilberto Benzecry e Carlos Alberto Taveira Cortez.
Os dois -e também o tesoureiro da BCF, Manuel Monteiro Cortez Filho- foram presos no último dia 17, durante a Operação Farol da Colina, que resultou na prisão de 64 doleiros em sete Estados
brasileiros.
"O dinheiro foi enviado pela
Beacon Hill, mas quem mandou o
dinheiro foi o Amazonino", disse
Barreto Filho à reportagem.
O depoimento de Barreto Filho,
concedido na semana passada à
Agência Folha, é a primeira vez
que um destinatário final assume
ter recebido dinheiro por meio do
esquema de remessas para o exterior envolvendo doleiros.
A Operação Farol da Colina,
que prendeu 64 doleiros no último dia 17, buscou documentos
em poder dos doleiros para chegar a esses destinatários finais das
remessas no exterior.
Ação penal
O STJ (Superior Tribunal de
Justiça) transformou, em agosto,
duas denúncias do Ministério Público Federal contra Amazonino
em ações penais por acusação de
fraudes em licitações e remessa
ilegal de dólares.
Uma delas, a ação penal número 357, é resultado de denúncia do
subprocurador Eitel Santiago,
que investigou um suposto pagamento de comissão de US$ 3,1 milhões a Amazonino para intermediar licitações da empresa North
American Export Agencies Inc.,
de Barreto Filho, em 1988 e 1989.
Amazonino foi denunciado por
corrupção passiva. Barreto Filho e
o representante da empresa no
Brasil, Hugo da Silva Werneck,
por corrupção ativa.
A ação está desde o dia 26 no gabinete do ministro César Asfor
Rocha aguardando petição para o
aprofundamento das investigações de outra remessa ilegal, de
US$ 18 milhões, para o exterior,
entre janeiro e novembro de 1995.
Colaborou JOSÉ MASCHIO, da Agência
Folha em Londrina
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