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CAIXA BAIXA
Ministério da Fazenda prepara redução dos pagamentos mensais
União planeja desafogo para as dívidas dos Estados
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para atender a pressões dos governadores, o Ministério da Fazenda elaborou um parecer que
permitirá a parte dos Estados reduzir os pagamentos mensais de
suas dívidas com a União.
O parecer, que será detalhado
hoje, considera que os Estados
podem excluir os repasses recebidos do governo federal por meio
do Programa de Gestão Plena do
Sistema Estadual de Saúde do cálculo da RLR (Receita Líquida
Real) -os pagamentos das dívidas estaduais, segundo a legislação, são percentuais fixos da RLR,
em geral 13%.
"É uma medida significativa.
Esses repasses não são pequenos", disse o coordenador do
Confaz (conselho que reúne os secretário de Fazenda dos Estados),
Albérico Mascarenhas. Não há
ainda, porém, um cálculo do benefício concedido aos Estados.
Parte dos prefeitos e governadores pressiona a equipe econômica
a rever as condições de pagamento das dívidas municipais e estaduais com a União, fixadas no governo FHC (1995-2002) -quando candidato, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva se comprometeu com a causa.
A Fazenda, no entanto, argumenta que a renegociação é proibida pela Lei de Responsabilidade
Fiscal. Por isso, governadores, especialmente do PMDB e do
PSDB, passaram a reivindicar um
novo cálculo para a RLR.
A RLR é soma de todas receitas
dos Estados, com exceção do dinheiro repassado para os municípios, determinados tipos de doações e operações de crédito. O
principal pleito é retirar da RLR
os recursos vinculados -aqueles
que o Estado é obrigado a gastar
numa determinada área, como
saúde, educação ou segurança.
A nota divulgada ontem pela
Fazenda deixa claro que essa nova
prática contábil, que favorece os
Estados, só valerá para esse caso
específico: "Esse raciocínio se
aplica, exclusivamente, aos recursos acima referidos", diz o texto.
Segundo Mascarenhas, cerca de
quatro ou cinco Estados já não
contabilizavam os repasses do
Programa de Gestão Plena do Sistema Estadual de Saúde na RLR.
Neles, os recursos eram recebidos
por meio de um fundo estadual de
saúde, vinculado à administração
indireta e, portanto, sem reflexos
nas receitas correntes do Estado.
O governador do Rio Grande do
Sul, Germano Rigotto (PMDB),
era um dos que mais chamavam a
atenção para os diferentes critérios de contabilidade adotados
pelos Estados. Rigotto tratou do
tema na última sexta-feira com
Lula, em Brasília.
"Corrigiram uma injustiça",
disse Mascarenhas, também secretário de Fazenda da Bahia. Ele
argumenta que os Estados eram
obrigados a tirar dinheiro de outras ações para cobrir o impacto
do programa de gestão plena na
RLR. A Bahia contava com um
fundo para receber o dinheiro.
O economista Raul Velloso afirma que, em tese, a Fazenda tomou uma boa medida ao aceitar a
posição dos Estados que não incluíam essas transferências no
cálculo da RLR. Ponderou, no entanto, que é preciso saber qual será o impacto real da medida no
ajuste fiscal. "Dependendo do impacto, a União terá de compensar
parte das perdas, para cumprir as
metas de ajuste", disse ele.
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