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ELEIÇÕES 2004/DEBATE
Além das taxas e do desempenho de Marta na saúde, candidatos centraram críticas nas gestões de Serra em pastas do governo FHC
Saúde e ataques a líderes marcam debate
DA REPORTAGEM LOCAL
O debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo
ontem na Rede Record foi marcado pela terceirização
dos ataques. Diversamente do debate anterior, na TV
Bandeirantes, no qual a prefeita Marta Suplicy (PT) foi o
principal alvo, desta vez José Serra também foi bastante
criticado -e não só pelos nanicos mas também por
Paulo Maluf (PP) e por Luiza Erundina (PSB). O embate
alcançou, na prévia, Ibope de seis pontos em média, com
picos de nove (cada ponto equivale a 49,5 mil domicílios
na Grande São Paulo). Não faltaram questionamentos
sobre o destino de recursos arrecadados com as taxas
criadas pela prefeitura e críticas ao principal programa
de Marta para a saúde, o CEU Saúde, lançado pela candidata na semana passada. Por conta das regras do debate,
o confronto direto entre Marta e Serra foi limitado.
Logo na primeira pergunta, o
candidato a prefeito João Manuel
(PSDC) partiu para o ataque contra José Serra, do PSDB. Manuel,
que sofre processo de expulsão de
sua legenda, mas obteve liminar
que lhe garante cinco dias para se
defender, questionou o tucano
sobre reportagem publicada na
revista "IstoÉ" em junho deste
ano a respeito de desvios de recursos no Ministério da Saúde,
descobertos pela chamada Operação Vampiro. Depois de ler discurso que lembrou o ex-presidente Jânio Quadros, no qual afirmou
que "forças ocultas desta política
suja tentaram nos tirar do debate", Manuel perguntou por que
Serra "tem tanto medo de falar
[sobre os desvios no ministério]".
Serra, irritado, afirmou que
"não houve nenhuma máfia do
sangue" durante sua gestão no
ministério e "o que aconteceu foi
depois, no atual governo". O tucano disse que "João Manuel já teve
punição pela Justiça, acabou de
ser expulso do partido e não tem
qualificação moral para querer
desqualificar os outros". Depois,
o tucano acusou o candidato do
PSDC de "estar a serviço de algum
candidato", mas não citou nomes.
João Manuel, que por causa do
sorteio teve oportunidade de fazer a primeira pergunta em cada
bloco, usou as outras duas para
dirigi-las a Marta. Em uma delas,
questionou-a sobre áreas de lazer
e, depois, sobre as taxas. "A senhora vai criar mais taxas e impostos?" Marta começou dizendo
que a pergunta lhe permitia responder a Serra, que, anteriormente, questionara a taxa. "Colocamos 15 mil pontos de luz, embora
ainda faltem", disse ela.
João Manuel teve seu processo
de expulsão do partido assinado
anteontem devido aos ataques
que fez ao tucano José Serra, em
seu programa de TV. Sob a suspeita de que teria feito dobradinha com o PT para atacar Serra,
Manuel respondeu acusando.
Afirmou que o presidente do
PSDC, José Maria Eymael, tinha
combinado sua expulsão com
peessedebistas.
Taxa da luz
O tucano, no primeiro bloco,
para atingir Marta com a questão
da taxa da iluminação, acabou dirigindo a pergunta a Ciro Moura
(PTC), que não perdeu a chance
de criticar a petista e, ainda por cima, levantar suspeitas de irregularidades. "Não sabemos onde esse recurso [da taxa] vai parar. Pode ser que vá para funcionários,
que bancam essa campanha milionária." Serra endossou. E Ciro:
"Essa dúvida é generalizada. O
CEU, na verdade é o "seu". Temos
de saber onde está o recurso."
Paulo Maluf (PP), que teve como alvos José Serra (com mais
freqüência) e Marta Suplicy, tentou atrair Luiza Erundina (PSB)
para lhe ajudar nos ataques. Ele
usou a morte de seis moradores
de rua, na semana passada, para
tentar criticar o PSDB. "Que garantias o governo do PSDB, que
controla a Secretaria da Segurança Pública, deu para que essa
ocorrência não ocorresse?" provocou Maluf. Erundina, porém,
não atribuiu a culpa do episódio
ao governo estadual, mas à política econômica do atual governo federal e do anterior.
Lançado na semana passada
por Marta Suplicy como uma tentativa de resposta às críticas que
tem recebido, o CEU Saúde, nome dado para clínicas que a candidata promete erguer, foi bombardeado pelos adversários. Ciro
Moura chegou a adjetivar de "Papai Noel" o secretário de Saúde da
prefeitura, Gonzalo Vecina. "O
senhor acredita em Papai Noel?",
perguntou Moura a Maluf. O mediador Boris Casoy teve de pedir
mais seriedade ao candidato, mas
não adiantou.
Respondendo a Serra, Erundina
disse que "a saúde não tem sido
prioridade no atual governo" e
classificou de "marketing" a proposta de Marta para o setor. Ela
também disse que o programa da
petista usou "uma maquete, tipo
Fura-Fila", usando uma comparação feita pelo candidato do
PSDB, na semana passada. Serra
completou afirmando que "enquanto se faz fantasia com maquete, há setores que por falta de
condições mínimas não podem
funcionar".
Escolas de latão
Para atrair o debate para seu
campo, Marta partiu para a ofensiva questionando Serra sobre as
escolas de latão mantidas pelo governo "do PSDB", como fez questão de frisar, e acabou citando os
CEUs (Centros Educacionais
Unificados) como contraponto.
"Você acha normal essa falta de
prioridade na educação", provocou a petista.
"Um dia a senhora elogia o governador Geraldo Alckmin, tentando ganhar votos, noutro, o critica", respondeu o tucano. "Isso a
senhora pode ver com o governo
do Estado. Eu estou preocupado
com a prefeitura."
Marta, que sabe que Alckmin
atrai votos, segundo pesquisa Datafolha, disse que se dá "muito
bem" com o governador, que
"tem sido excelente parceiro desde o primeiro dia".
(CHICO DE GOIS, LILIAN CHRISTOFOLETTI, RICARDO
BRANDT, PEDRO DIAS LEITE)
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