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NA TV
Ainda não foi desta vez, para Marta e Serra
NELSON DE SÁ
COLUNISTA DA FOLHA
Paulo Maluf resumiu, "afônico", depois de uma hora:
- Eu queria perguntar para o
Serra ou para a Marta, mas vou
perguntar para o Paulinho.
Mais uma vez, só havia dois
candidatos, ontem no debate da
Record, José Serra e Marta Suplicy. E mais uma vez o debate
não foi entre eles.
Maluf, a exemplo de Luiza
Erundina e Paulinho, criticou a
petista e, em grau sempre menor,
o tucano -mas os dois pouco falaram, escondidos pelas regras
que, também na Record, trataram desiguais como iguais.
Num exemplo extremo, no encerramento de um bloco, o pseudocandidato Ciro Moura perguntou e o pseudocandidato João
Manuel respondeu. E depois eles
ainda comentaram.
No debate histórico mediado
por Boris Casoy há dois anos, foram exatamente as regras mais
soltas que fizeram a diferença.
Agora, faltou liberdade.
Serra, como se evidenciou logo,
não queria ficar escondido de jeito nenhum. Tentou perguntar a
Marta, mas ela cortou:
- Já fui perguntada.
E o tucano não pôde questioná-la. Para não deixar a impressão
de fuga, foi Marta quem acabou
por perguntar primeiro.
Falou sobre as "escolas de lata"
do governo estadual. Serra evitou
responder e fez enfim a pergunta
que havia tentado levantar antes,
sobre a taxa de luz.
Marta falou sobre CEUs etc.,
mas nada da taxa. Foi responder
bem depois, sem a possibilidade
de comentário do tucano.
De todo modo, no correr do programa, não foi nada bom para a
prefeita ouvir, candidato após
candidato, ataques à gestão na
saúde. Serra falou, Maluf falou,
até João Manuel falou.
Mas a melhor crítica, ou pelo
menos a mais bem-humorada,
partiu, curiosamente, de Ciro
Moura -ao chamar de Papai
Noel o médico que protagoniza o
comercial do CEU Saúde.
A platéia riu no estúdio e até
Casoy esforçou-se por não rir, ao
ralhar com a platéia.
João Manuel protagonizou,
com Marta, as mais escandalosas
armações do debate. Ela perguntou a ele, ele perguntou a ela, trocaram gentilezas sem parar.
Era o mesmo João Manuel que
havia aberto o debate questionando Serra sobre suposta máfia
no Ministério da Saúde.
Mas o tucano conseguiu deixar
no ar a declaração, para todo o
programa, de que João Manuel
não tinha "qualificação moral".
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