São Paulo, terça-feira, 31 de agosto de 2004

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NA TV

Ainda não foi desta vez, para Marta e Serra

NELSON DE SÁ
COLUNISTA DA FOLHA

Paulo Maluf resumiu, "afônico", depois de uma hora:
- Eu queria perguntar para o Serra ou para a Marta, mas vou perguntar para o Paulinho.
Mais uma vez, só havia dois candidatos, ontem no debate da Record, José Serra e Marta Suplicy. E mais uma vez o debate não foi entre eles.
Maluf, a exemplo de Luiza Erundina e Paulinho, criticou a petista e, em grau sempre menor, o tucano -mas os dois pouco falaram, escondidos pelas regras que, também na Record, trataram desiguais como iguais.
Num exemplo extremo, no encerramento de um bloco, o pseudocandidato Ciro Moura perguntou e o pseudocandidato João Manuel respondeu. E depois eles ainda comentaram.
No debate histórico mediado por Boris Casoy há dois anos, foram exatamente as regras mais soltas que fizeram a diferença. Agora, faltou liberdade.
 
Serra, como se evidenciou logo, não queria ficar escondido de jeito nenhum. Tentou perguntar a Marta, mas ela cortou:
- Já fui perguntada.
E o tucano não pôde questioná-la. Para não deixar a impressão de fuga, foi Marta quem acabou por perguntar primeiro.
Falou sobre as "escolas de lata" do governo estadual. Serra evitou responder e fez enfim a pergunta que havia tentado levantar antes, sobre a taxa de luz.
Marta falou sobre CEUs etc., mas nada da taxa. Foi responder bem depois, sem a possibilidade de comentário do tucano.
 
De todo modo, no correr do programa, não foi nada bom para a prefeita ouvir, candidato após candidato, ataques à gestão na saúde. Serra falou, Maluf falou, até João Manuel falou.
Mas a melhor crítica, ou pelo menos a mais bem-humorada, partiu, curiosamente, de Ciro Moura -ao chamar de Papai Noel o médico que protagoniza o comercial do CEU Saúde.
A platéia riu no estúdio e até Casoy esforçou-se por não rir, ao ralhar com a platéia.
 
João Manuel protagonizou, com Marta, as mais escandalosas armações do debate. Ela perguntou a ele, ele perguntou a ela, trocaram gentilezas sem parar.
Era o mesmo João Manuel que havia aberto o debate questionando Serra sobre suposta máfia no Ministério da Saúde.
Mas o tucano conseguiu deixar no ar a declaração, para todo o programa, de que João Manuel não tinha "qualificação moral".


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