São Paulo, terça-feira, 31 de agosto de 2004

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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA

Costa Neto quer Rodrigues no comando da sigla no Rio, o que contraria o candidato Crivella

Volta de ex-bispo ameaça aliança entre PL e Universal

ELVIRA LOBATO
SERGIO TORRES

DA SUCURSAL DO RIO

O PL e a Igreja Universal do Reino de Deus tendem a romper no Rio a aliança que, há dois anos, resultou na eleição ao Senado do bispo Marcelo Crivella, atual candidato a prefeito do Rio pelo partido e sobrinho do fundador e líder maior da Universal, bispo Edir Macedo.
Crivella e o presidente nacional do PL, deputado federal Valdemar Costa Neto (SP), estão rompidos. Costa Neto diz que a campanha de Crivella é feita de modo equivocado e lamenta a falta do deputado federal Carlos Alberto Rodrigues, ex-bispo da Universal.
Rodrigues foi afastado pela igreja por ter sido citado como envolvido com Waldomiro Diniz, ex-assessor da Presidência e suspeito de ter recebido propina de empresários de jogos quando presidiu no Rio a Loterj, em 2001 e 2002. Após o escândalo, o deputado perdeu até a condição de bispo.
Ontem, à Folha, Costa Neto disse que Rodrigues voltará a presidir o PL no Estado, queiram ou não a Universal e Crivella, presidente desde que o ex-bispo saiu.
Se a volta do ex-bispo se concretizar, a Folha apurou que Crivella e os dois deputados estaduais a ele ligados, Léo Vivas e Caetano Amado, poderão deixar o PL.
"A Igreja Universal não tem vocação para a política. Tem uma vocação religiosa muito forte e está se dando muito bem nisso. Quem coordenava a política da igreja sempre foi o Rodrigues, e coordenava bem. Como eles tiveram problemas com o Rodrigues, tiraram-no do comando político da igreja. Isso é problema deles. Mas ele voltará para o comando do Rio após as eleições. Só não volta se não quiser", disse Costa Neto, para quem o afastamento "está prejudicando o partido e a candidatura do Crivella", que "não tem tempo para fazer tudo".
Segundo Costa Neto, ao partido interessa ter "um comando político no Rio que não tenha nada a ver com a Igreja Universal".
"Ele [Rodrigues] tinha ligação com a igreja e cumpria suas obrigações [com o partido]. Conduzia o partido com talento no Rio. Agora, estamos prejudicados, porque não temos no comando político uma pessoa que se dedique a isso e entenda de política", disse, referindo-se a Crivella.
Rodrigues, que não foi localizado ontem pela Folha, logo após a divulgação do caso Waldomiro, procurou Costa Neto e pediu para deixar a presidência regional do partido. A cúpula da Universal já fizera o mesmo pedido.
"Crivella veio trazer uma mensagem da igreja, que o pessoal queria que tirasse o bispo Rodrigues. Eu falei que não tirava. Aí o Rodrigues veio me pedir para sair até outubro. Como eu não queria ser um empecilho...", afirmou ele. "O que importa para mim é prestigiar os companheiros do partido e, em primeiro lugar no Rio, está o Rodrigues", disse Costa Neto.
A assessoria de Crivella afirmou que ele não falaria sobre o caso.


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