São Paulo, terça-feira, 31 de agosto de 2004

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OPERAÇÃO ALBATROZ

Desvios foram de R$ 500 milhões

PF investiga "uma parte" do governo do Amazonas por fraude em licitações

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

A Polícia Federal no Amazonas investiga "uma parte" do governo do Estado por envolvimento em fraudes em licitações de 2002 a 2004. Um relatório da PF já havia apontado o governador Eduardo Braga (PPS) como "grande interessado nos negócios" que envolvem fraudes.
Ontem, o governador negou à Agência Folha que estivesse sendo investigado pela PF. Segundo a própria PF, não há indícios de participação de Eduardo Braga nas fraudes, mas sim de pessoas de sua equipe.
"Uma parte do governo está sendo investigada, sem dúvida", disse o delegado Rodrigo Morais Fernandes. Ele preside o inquérito da Operação Albatroz, que apura desvios de R$ 500 milhões em licitações no Amazonas.
"Não estamos colocando o governador em xeque, tanto é que, até o presente momento, não podemos afirmar que haja participação dele", afirmou o delegado.
"Se encontrarmos indícios [da participação do governador], a investigação será encaminhada ao foro competente, no caso o STJ [Superior Tribunal de Justiça]."
A Operação Albatroz foi desencadeada em março de 2002, ainda no governo (1995-2002) de Amazonino Mendes (PFL), que hoje é candidato à Prefeitura de Manaus e tem o apoio do governador. O objetivo inicial da operação era investigar o deputado estadual Antônio Cordeiro (sem partido), então suspeito de crimes de enriquecimento ilícito, evasão de divisas e sonegação fiscal. Ele diz que só fala sobre o assunto na Justiça.
A apuração da PF chegou ao primeiro escalão do governo em junho de 2003, após a descoberta de que as licitações eram dirigidas por secretários e executivos para as empresas de Cordeiro. A investigação resultou no indiciamento (acusação formal), até ontem, de 39 pessoas -nove delas ligadas ao atual governador.
Entre elas estão o secretário da Fazenda, Isper Abrahim Lima, o da Infra-Estrutura, Fernando Elias Prestes Gonçalves, e o presidente da CGL, João Gomes Vilela (Comissão Geral de Licitação).
Conversas telefônicas apontam que o deputado Cordeiro buscava apoio para que suas empresas ganhassem processos licitatórios. De 1997 a 2003, elas receberam R$ 88.970.578 em recursos públicos após vencerem licitações.


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