|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OPERAÇÃO ALBATROZ
Desvios foram de R$ 500 milhões
PF investiga "uma parte" do governo do Amazonas por fraude em licitações
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
A Polícia Federal no Amazonas
investiga "uma parte" do governo
do Estado por envolvimento em
fraudes em licitações de 2002 a
2004. Um relatório da PF já havia
apontado o governador Eduardo
Braga (PPS) como "grande interessado nos negócios" que envolvem fraudes.
Ontem, o governador negou à
Agência Folha que estivesse sendo investigado pela PF. Segundo a
própria PF, não há indícios de
participação de Eduardo Braga
nas fraudes, mas sim de pessoas
de sua equipe.
"Uma parte do governo está
sendo investigada, sem dúvida",
disse o delegado Rodrigo Morais
Fernandes. Ele preside o inquérito da Operação Albatroz, que
apura desvios de R$ 500 milhões
em licitações no Amazonas.
"Não estamos colocando o governador em xeque, tanto é que,
até o presente momento, não podemos afirmar que haja participação dele", afirmou o delegado.
"Se encontrarmos indícios [da
participação do governador], a
investigação será encaminhada
ao foro competente, no caso o STJ
[Superior Tribunal de Justiça]."
A Operação Albatroz foi desencadeada em março de 2002, ainda
no governo (1995-2002) de Amazonino Mendes (PFL), que hoje é
candidato à Prefeitura de Manaus
e tem o apoio do governador. O
objetivo inicial da operação era
investigar o deputado estadual
Antônio Cordeiro (sem partido),
então suspeito de crimes de enriquecimento ilícito, evasão de divisas e sonegação fiscal. Ele diz que
só fala sobre o assunto na Justiça.
A apuração da PF chegou ao
primeiro escalão do governo em
junho de 2003, após a descoberta
de que as licitações eram dirigidas
por secretários e executivos para
as empresas de Cordeiro. A investigação resultou no indiciamento
(acusação formal), até ontem, de
39 pessoas -nove delas ligadas
ao atual governador.
Entre elas estão o secretário da
Fazenda, Isper Abrahim Lima, o
da Infra-Estrutura, Fernando
Elias Prestes Gonçalves, e o presidente da CGL, João Gomes Vilela
(Comissão Geral de Licitação).
Conversas telefônicas apontam
que o deputado Cordeiro buscava
apoio para que suas empresas ganhassem processos licitatórios.
De 1997 a 2003, elas receberam
R$ 88.970.578 em recursos públicos após vencerem licitações.
Texto Anterior: Campanha local parece enredo de telenovela Próximo Texto: Outro lado: Governador diz que não é investigado e nega participação Índice
|