São Paulo, terça-feira, 31 de agosto de 2004

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Campanha local parece enredo de telenovela

DO ENVIADO ESPECIAL A PORTO FERREIRA

Com 48.650 habitantes (34.233 eleitores) espalhados por 244,8 km2, Porto Ferreira não é uma metrópole, mas o enredo de sua vida política daria um roteiro de novela: além de ter um candidato a vereador preso por conta da ação de seu afilhado de casamento, que é candidato a prefeito pelo PT, o município tem um postulante ao Executivo que tem como um de seus objetivos "reabilitar" a imagem da família. E mais: os atuais prefeito e vice concorrem a outro mandato, mas por chapas diferentes.
Gustavo Braga, do PSDB, principal adversário de Maurício Rasi (PT), é primo de André Braga, prefeito eleito em 1996 e reeleito em 2000. André é filho de Dorival Braga (PTB), quatro vezes deputado estadual e atual secretário-adjunto do Emprego e Relações do Trabalho.
Em maio deste ano, André foi afastado pela Justiça Eleitoral, por ter usado na campanha o gesto "positivo", característico da propaganda política de seu pai, que também já foi prefeito da cidade. Quem assumiu a vaga de André no Executivo municipal foi Carlos Teixeira (PFL), segundo colocado na votação de 2000. Teixeira é candidato à reeleição. Seu atual vice, Valdir Bosso, também concorre à prefeitura, mas pelo PP.
Gustavo Braga, 35, representa uma família tradicional em Porto Ferreira. Mesmo sem nunca ter assumido cargos eletivos, não se pode dizer que é um estreante. Ele foi assessor de Dorival Braga na Assembléia Legislativa por nove anos e chefe de gabinete do primo prefeito, por um ano e meio.
Mesmo com o primo afastado por decisão da Justiça, Gustavo o utiliza como cabo eleitoral. "Faço campanha com ele nas ruas", afirma. "O André [ex-prefeito] saiu como vítima nesta história, porque ninguém vota em um candidato por causa de um símbolo", acredita.
"Porto Ferreira precisa apagar esta imagem negativa que ficou", diz o tucano sobre o episódio da prostituição infantil. O candidato a vereador pelo PTB preso em Sorocaba integra sua coligação. Gustavo defende o vereador: "Não achamos que ele foi culpado". Em suas andanças, o candidato a prefeito diz que tem encontrado "muitos votos" para o detento: "Todos conhecem as famílias".
Para o candidato do PSDB, que planeja gastar R$ 200 mil na campanha e tem 100 cabos eleitorais nas ruas, seu adversário do PT encontra resistência entre os eleitores. "O Maurício tem um problema com o que aconteceu com os vereadores."
Na sua avaliação, os eleitores querem dissociar a imagem da cidade da prostituição infantil e, ao se tornar candidato, o delegado acaba realçando esse lado negativo. (CHICO DE GOIS)


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