|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Campanha local parece enredo de telenovela
DO ENVIADO ESPECIAL A PORTO FERREIRA
Com 48.650 habitantes
(34.233 eleitores) espalhados
por 244,8 km2, Porto Ferreira
não é uma metrópole, mas o
enredo de sua vida política daria um roteiro de novela: além
de ter um candidato a vereador
preso por conta da ação de seu
afilhado de casamento, que é
candidato a prefeito pelo PT, o
município tem um postulante
ao Executivo que tem como
um de seus objetivos "reabilitar" a imagem da família. E
mais: os atuais prefeito e vice
concorrem a outro mandato,
mas por chapas diferentes.
Gustavo Braga, do PSDB,
principal adversário de Maurício Rasi (PT), é primo de André
Braga, prefeito eleito em 1996 e
reeleito em 2000. André é filho
de Dorival Braga (PTB), quatro
vezes deputado estadual e atual
secretário-adjunto do Emprego e Relações do Trabalho.
Em maio deste ano, André foi
afastado pela Justiça Eleitoral,
por ter usado na campanha o
gesto "positivo", característico
da propaganda política de seu
pai, que também já foi prefeito
da cidade. Quem assumiu a vaga de André no Executivo municipal foi Carlos Teixeira
(PFL), segundo colocado na
votação de 2000. Teixeira é candidato à reeleição. Seu atual vice, Valdir Bosso, também concorre à prefeitura, mas pelo PP.
Gustavo Braga, 35, representa uma família tradicional em
Porto Ferreira. Mesmo sem
nunca ter assumido cargos eletivos, não se pode dizer que é
um estreante. Ele foi assessor
de Dorival Braga na Assembléia Legislativa por nove anos
e chefe de gabinete do primo
prefeito, por um ano e meio.
Mesmo com o primo afastado por decisão da Justiça, Gustavo o utiliza como cabo eleitoral. "Faço campanha com ele
nas ruas", afirma. "O André
[ex-prefeito] saiu como vítima
nesta história, porque ninguém
vota em um candidato por causa de um símbolo", acredita.
"Porto Ferreira precisa apagar esta imagem negativa que
ficou", diz o tucano sobre o episódio da prostituição infantil.
O candidato a vereador pelo
PTB preso em Sorocaba integra
sua coligação. Gustavo defende
o vereador: "Não achamos que
ele foi culpado". Em suas andanças, o candidato a prefeito
diz que tem encontrado "muitos votos" para o detento: "Todos conhecem as famílias".
Para o candidato do PSDB,
que planeja gastar R$ 200 mil
na campanha e tem 100 cabos
eleitorais nas ruas, seu adversário do PT encontra resistência
entre os eleitores. "O Maurício
tem um problema com o que
aconteceu com os vereadores."
Na sua avaliação, os eleitores
querem dissociar a imagem da
cidade da prostituição infantil
e, ao se tornar candidato, o delegado acaba realçando esse lado negativo.
(CHICO DE GOIS)
Texto Anterior: Investigador e investigado concorrem em Porto Ferreira Próximo Texto: Operação Albatroz: PF investiga "uma parte" do governo do Amazonas por fraude em licitações Índice
|