São Paulo, terça-feira, 31 de agosto de 2004

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QUESTÃO AGRÁRIA

Superintendente diz que orçamento para assentamentos acabou; governo incluirá projetos estaduais em balanços

Incra precisa de mais R$ 1 bi para conseguir cumprir meta

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na semana passada, quando um confronto entre sem-terra e fazendeiros deixou 60 feridos na Bahia, o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) admitiu que não conseguirá cumprir a meta de 115 mil famílias assentadas até dezembro caso o governo federal não libere pelo menos mais R$ 1 bilhão para a desapropriação de terras.
E, para não ficar tão distante da meta, o governo confirma que projetos estaduais serão incluídos em seus balanços -prática condenada pelo PT quando estava na oposição, e pelo próprio ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), no ano passado.
No campo, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem visto acumularem recordes de invasões de terra. Nos sete primeiros meses deste ano, ocorreram 255 casos, contra um total de 222 entre janeiro e dezembro do ano passado.
Rossetto cobra uma promessa feita em março por Lula. À época, pressionado pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que anunciou e cumpriu uma onda de invasões no país, Lula prometeu para até dezembro uma suplementação de R$ 1,7 bilhão ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, o que, somado ao orçamento original da pasta (R$ 1,4 bilhão), atingiria o valor necessário (R$ 3,1 bilhões) para cumprir a meta de 2004.
Até agora, do prometido, apenas R$ 160 milhões foram entregues ao ministério -apesar de o Congresso já ter autorizado a liberação de R$ 430 milhões, dos quais R$ 270 milhões para o assentamento de famílias.
Neste ano, entre 1º de janeiro e 20 de agosto, o governo assentou 33,3 mil famílias. No primeiro semestre, 21,7 mil foram beneficiadas, contra uma promessa de 47 mil. No ano passado, a meta era de 60 mil famílias, mas 36,8 mil foram assentadas. Desde janeiro de 2003, foram assentadas 70,1 mil famílias.
Carlos Guedes de Guedes, superintendente nacional de Desenvolvimento Agrário, resume como "necessária" a suplementação. Segundo ele, o orçamento original de 2004 para o assentamento de famílias já foi consumido pelo governo.


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