São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 2005

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PAINEL

Acorrentado
Pelo menos dois parlamentares já passaram por uma experiência constrangedora ao chegar para despachar assuntos da Câmara com Severino Cavalcanti (PP-PE) na residência oficial do presidente da Casa, convocados pelo próprio.

Cativeiro
Em ambas as ocasiões, eram esperados pelo presidente do PP, Pedro Corrêa (PE), e pelo líder do partido, José Janene (PR), deputados envolvidos no caso do "mensalão". Um dos convidados, surpreso, virou as costas e voltou por onde veio.

Ensaio geral 1
Em prévia da pizza que ameaçam promover, os membros da Mesa da Câmara se reuniram recentemente para decidir o que fazer com o caso do deputado Paulo Marinho (MA), cuja cassação já havia sido determinada pelo Supremo Tribunal Federal.

Ensaio geral 2
No encontro, o corregedor Ciro Nogueira (PP-PE) e Severino queriam dar prazo para Paulo Marinho se defender, apesar de a decisão do STF ser liminar. Só quando membros da Mesa ameaçaram pedir ata da reunião eles desistiram da manobra.

Moral da história
No final, Severino Cavalvanti se revelou o melhor amigo de Lula. Prepara a pizza dos "mensaleiros", concentrando a ira do público sobre o Congresso, enquanto o presidente sai do foco e fica livre para se dedicar exclusivamente à sua reeleição.

Dúvida na escalação
Lula tem consultado aliados políticos e assessores sobre uma idéia: quer dar o pontapé inicial da partida entre Brasil e Chile, no domingo, em Brasília. Tem sido efusivamente desencorajado pelos que temem uma vaia.

Prato-feito
Testemunha de acusação do caixa dois do PT em Londrina, Soraya Garcia será ouvida pelas CPIs no próximo mês.

Lixo atômico 1
Sem alarde, emissários do Planalto garimpam ajuda no Congresso para salvar José Dirceu da cassação. A súbita generosidade coincide com a boa memória exibida pelo ex-ministro em conversas recentes.

Lixo atômico 2
Dirceu, que já havia lembrado ao mundo ter sido Lula, e não ele, o inventor de Delúbio Soares, agora recorda que a famigerada base aliada foi construída conforme o desejo do presidente e à revelia de seu "capitão", que defendia entendimento preferencial com o PMDB.

O horror, o horror
No domingo, enquanto o pau comia no PT, o assessor internacional da Presidência Marco Aurélio Garcia, que chegou a ser cotado para comandar a sigla, participava de debate na Sociedade Psicanalítica de São Paulo. Tema: "Apocalypse Now".

SP insurgente
Oito dos 13 vereadores paulistanos do PT trabalhavam ontem pelo voto em branco na eleição nacional do partido. O grupo controla 15 mil filiados.

Cartão de embarque
O PTB tentou, o PFL também, mas é para o PMDB que o deputado Delfim Netto vai depois de abandonar o PP dos "mensaleiros". Obra de Orestes Quércia.

Começar de novo
Apesar do balde de água fria lançado por Marco Desgualdo, delegado-geral da Polícia Civil paulista, sobre a reabertura do caso Celso Daniel, 13 novas diligências já estão marcadas.

Visita à Folha
Paulo Renato Souza, ex-ministro da Educação e presidente da Paulo Renato Souza Consultores, visitou ontem a Folha.

TIROTEIO

De José Luiz Oliveira Lima, advogado de José Dirceu, sobre o promotor Amaro José Thomé Filho, que incluiu o ex-chefe da Casa Civil entre os petistas que perderam com a reabertura do caso Celso Daniel, porque "ligados, de uma forma ou de outra, às confissões de caixa dois":
-Além de não corresponder à verdade, a afirmação é reveladora da "carência de holofote" de que padecem alguns membros do Ministério Público.

CONTRAPONTO

Depois não reclame

Na Constituinte de 1988, José Thomaz Nonô (PFL-AL) era um dos parlamentares mais ligados à questão do Ministério Público. Em seu gabinete se enfiava, dia e noite, Luiz Antonio Fleury Filho. Então presidente da Conamp, associação dos membros do MP, ele participou da redação do capítulo da Constituição referente aos procuradores.
Em 1990, pelas mãos de Orestes Quércia (PMDB), Fleury se elegeu governador de São Paulo.
E foi então que passou a sentir na pele a disposição investigativa do Ministério Público.
Em visita a Brasília durante seu período no Palácio dos Bandeirantes, Fleury avistou Nonô no plenário e se queixou:
-Essa Constituição deu poderes demais a essa turma de procuradores. Agora eles não largam do meu pé!
E Nonô, rindo:
-Reclame com o presidente da Conamp. A culpa é toda dele!


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